Folha de S. Paulo


Em busca das minas

Daniela Kresch
Exterior da mina de cobre da Arava Mines em Timna. Foto Daniela Kresch ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
Área onde podem ter sido encontrados possíveis vestígios das minas de Salomão

RIO DE JANEIRO - Oba! Descobriram de novo as minas do rei Salomão. Por que oba e por que de novo? Porque, assim como o monstro do lago Ness e a identidade de Jack, o Estripador, as minas de Salomão são um mistério recorrente. A cada 10 ou 20 anos, surge uma teoria comprovando sua localização, com a qual nos sentimos perfeitamente satisfeitos —até que, anos depois, novas descobertas apagam tudo e propõem outra explicação.

Neste momento, pesquisadores do Instituto de Arqueologia da Universidade de Tel Aviv estão convictos de que materiais orgânicos, como tecidos, cordas e sementes, descobertos nas escavações no Vale de Timna, perto do Mar Vermelho, no sul de Israel, podem ser datados como do século 10º a.C., quando Salomão teria reinado. Essas escavações estão se dando em gigantescos subterrâneos de mineração de cobre no local, a cargo de uma empresa mexicana. Os arqueólogos acham que nunca estiveram tão perto de Salomão.

Em 2006, outra equipe, esta jordaniana, e também escavando um antigo centro de produção de cobre em Khirbat en-Nahas, na fronteira da Jordânia com Israel, já tinha encontrado uma quantidade de artefatos que, submetidos a modernas tecnologias de radiocarbono, foram datados como sendo, idem, de 10 a.C. —e associados a Salomão. E aí, com quem ficamos? E, antes ainda, houve outros que também julgaram ter farejado o ouro do rei –em vão.

Como acompanho essa história há décadas e não tenho pressa de que termine, vou me contentando com a teoria de meu romancista favorito, H. Rider Haggard (1856-1925), que, em seu romance "As Minas do Rei Salomão", de 1885, localizou as ditas num lugar chamado Kukuanaland, ao norte do rio Lukanga, no antigo Congo, atual República Democrática do Congo —na África!

E por que não? Há quem acredite até que elas ficam em Minas Gerais.


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