Folha de S. Paulo


Chileno revela em seriados desafios da própria vida de cientista

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 O cientista chileno Cesar Hidalgo, professor do MIT
O cientista chileno Cesar Hidalgo, professor do MIT

O chileno Cesar Hidalgo é um dos mais importantes cientistas latino-americanos em atividade. Ele tem 37 anos, aparência de rockstar, com cabelos grandes, barba, bigode e jaqueta de couro de motociclista (sua vestimenta oficial). Ele é um dos mais conhecidos professores do MIT.

Se fosse há 20 anos, muita gente descreveria seu trabalho como "epistemologia", ou seja, a ciência que estuda a própria ciência. No entanto, como vivemos na era da internet e palavrões como esse são cada vez mais
raros, sua especialidade é usualmente descrita como "data visualization" (visualização de dados).

Em suma, ele transforma imensos arquivos do conhecimento humano (especialmente dados científicos) em gráficos interativos e acessíveis, que permitem que até um leigo compreenda as informações só de bater o olho. Para fazer isso, obviamente, ele precisa ter um conhecimento profundo
dos dados com que trabalha, e da própria ciência de modo geral.

César lançou um seriado sobre sua própria vida de cientista, chamado "In My Shoes" (algo como "No meu lugar"). São oito episódios, de cerca de 18 minutos cada um. Eles não estão no Netflix (deveriam estar!), mas podem ser assistidos gratuitamente on-line (inmyshoes.info).

Neles Hidalgo conseguiu criar uma "visualização" do que é a vida de um cientista no mundo de hoje. Comprou uma câmera semiprofissional, aprendeu a filmar e passou a gravar a si mesmo no dia a dia profissional e pessoal de fazer ciência.

A série desvenda um tipo de personagem raro no imaginário brasileiro (ou latino-americano): o cientista. Acompanhando os périplos de Hidalgo, fica claro que dedicar a vida à ciência não é fácil. Há embates, cansaço, viagens intermináveis, a preocupação sobre como financiar seu trabalho. Há também o desafio do convívio familiar em meio a uma agenda sufocante e a responsabilidade de ser pai de uma filha pequena. Todo esse esforço está na série.

No entanto, Cesar lida com esses desafios com tanta leveza e bom humor (na maioria dos casos) que dá para ver que ele tem mesmo vocação
para herói picaresco moderno.

Assistindo à série, lembrei-me dos textos recentes publicados na Folha sobre o lançamento do Instituto Serrapilheira, a nova instituição privada de fomento à ciência no Brasil. Uma das razões mencionadas para sua criação é justamente a necessidade de apoiar os muitos "César Hidalgos" que existem hoje no Brasil.

São vários os cientistas brasileiros capazes de inspirar, com seu trabalho e conquistas, admiração geral. Muitos deveriam já figurar em nosso
imaginário de heróis nacionais.

Quem quiser ter uma aula de epistemologia contemporânea pode ler o livro mais recente de Hidalgo, "Por que a Informação Cresce: A Evolução da Ordem, de Átomos à Economia". Já quem quiser mergulhar na experiência "pop" do que significa ser cientista hoje, do ponto de vista público e da vida familiar, deve embarcar na série "In My Shoes". É um Big Brother cujo prêmio é o Nobel.

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