Folha de S. Paulo


Lulu cria dilema similar à chantagem

A palavra mais dita sobre internet nos últimos dias tem duas sílabas: Lulu. A rede social gerou um furacão. O site é feito para que mulheres classifiquem o comportamento de homens. O sistema atribui uma nota para cada homem e também "hashtags" descrevendo suas características.

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Com essa proposta, o Lulu deu o que falar. Mulheres correram para avaliar pretendentes. Homens ficaram curiosos ou preocupados. Para entrar no Lulu é preciso logar-se pelo Facebook. Assim, o aplicativo captura todos os dados das mulheres que entram nele: lista de amigos, e-mail, relacionamento, todas suas fotos e dos amigos. Até aí tudo bem. A mulher teoricamente sabe que está trocando seus dados para entrar na "brincadeira".

O problema são os homens. Quem não gostou de ter seu perfil avaliado no Lulu (muita gente!) quer excluir o perfil. Só que para isso, o homem também tem de se logar pelo Facebook. Ou seja, tem de ceder todos os seus dados como "resgate" para sair dele. Apesar de tecnicamente isso não ser chantagem, há similaridades: para prevenir um eventual dano, a pessoa tem de fornecer um bem valioso, dados pessoais, para um desconhecido. Para piorar, o Lulu exclui o perfil, mas fica com os dados da pessoa após a exclusão. O site também disponibiliza um e-mail para remover perfis, mas essa informação fica praticamente escondida dentro dele.

Por tudo isso, o aplicativo é uma armadilha. É um sorvedouro de dados pessoais do Facebook. Faz isso ao criar um problema para o usuário que não quer participar dele. Além de chamar a atenção das mulheres, o Lulu merece chamar a atenção também dos órgãos de defesa do consumidor no país.


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