Folha de S. Paulo


Revolução silenciosa dos 'fazedores' vem com tudo

Há alguns dias visitei um "hackerspace" na cidade de San Francisco. O espaço é uma espécie de LAN house, só que turbinadíssima. Há impressoras 3D, máquinas de corte de precisão a laser, computadores (é claro), livros (!) e toda sorte de equipamento necessário para a fabricação eletrônica. Na decoração, havia até um eletroencefalograma dos anos 1950 que parecia ter saído de um filme de terror.

O acesso a tudo é gratuito. Basta tocar a campainha, subir uma escada e passar o dia usando. Quem chega recebe boas-vindas de quem estiver lá (não há porteiro, recepcionista ou "dono" do lugar). Usando uma das impressoras 3D estava um típico "homeless" de San Francisco. Com aparência de que não tomava banho há dias, imprimia um componente de precisão para uma drum machine (bateria eletrônica). Quase uma utopia: um sem-teto realizando com total normalidade uma atividade de ponta.

Esse tipo de espaço é típico abre-alas da revolução silenciosa dos "fazedores" (chamados em inglês de "makers"). Assim como o código aberto é hoje central, do Linux ao Android, está entre nós a onda do hardware aberto. As aplicações são muitas: conectar objetos do dia a dia à rede (como a geladeira, a fechadura da casa ou o medidor de eletricidade) ou mesmo inventar novos protótipos industriais.

A questão é como fazer essa onda, que vai gerar mudanças econômicas importantes, se ampliar no Brasil. Os desafios começam na dificuldade de encontrar componentes, ou mesmo ferramentas. Mas, com dificuldades ainda maiores, o Brasil chegou a ter mais de 100 mil LAN houses na década passada. Vou torcer para chegarmos a 100 mil hackerspaces nesta.

*

JÁ ERA
Celular só para fazer chamadas e mandar mensagens

JÁ É
Pagar despesas com o celular

JÁ VEM
Abrir a porta de casa com o celular, com o Lockitron.com


Endereço da página:

Links no texto: