Folha de S. Paulo


Cultura da repetição faz sucesso e até cria empresas

Uma técnica muito usada na música eletrônica vem chamando a atenção na internet: os loops.

A repetição sem fim de pequenos trechos de informação está motivando até a criação de novas empresas.

Um exemplo é o Vine, aplicativo comprado há pouco pelo Twitter. Funciona assim: o usuário usa o celular para gravar um vídeo de até seis segundos. Ele é então exibido em "loop", repetindo o mesmo trecho ad eternum.

Isso cria uma sensação estranha. Transforma momentos banais em algo que chama a atenção. É parecido com o efeito gerado pelo Instagram. Ao aplicar filtros sobre fotos totalmente cotidianas, gera a impressão de que são "especiais".

Os loops estão presentes também nos gifs animados (elevados hoje à condição de "arte" na rede). Em vídeos do YouTube que ficam repetindo o mesmo trecho para causar impacto. Ou na edição de programas humorísticos na TV.

Pioneiros da técnica, como Pierre Schaeffer (que fazia loops com fita magnética na década de 1940), ficariam surpresos ao ver seus experimentos transformados em prática popular. Ou felizes com músicos como Daniel Lopatin e The Field, que mantêm viva a experimentação musical com loops.

Talvez o sucesso da repetição na internet tenha explicação. É tanta informação na rede que, para um momento chamar a atenção, ele precisa ser repetido várias vezes. Não surpreende que o Vine esteja sendo cada vez mais usado para publicidade.

Loops são também parte de práticas budistas. Faz sentido. Ver uma mesma informação se repetindo altera a percepção. Pode gerar surpresa, alívio, angústia. Ou tédio.


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