Folha de S. Paulo


Esquerda delinquente gerou crise

Alan Marques/Folhapress
Brasilia, DF, brasil 06.10.2016 manifestante e expulso da votacao da PEC do Teto Foto:Alan Marques/Folhapress cod 0619
Manifestante é expulso da votação da PEC do Teto

A esquerda, PT à frente, não se cansa de plagiar a si mesma, colocando-se sempre na contramão de qualquer iniciativa que tenha como meta sanear e dar racionalidade à economia.

Assim como, no passado, se opôs ao Plano Real e à Lei de Responsabilidade Fiscal –e à própria Constituição de 1988, que não quis assinar–, hoje se opõe à proposta de emenda constitucional (PEC) 241, que estabelece um teto para os gastos públicos.

A alegação é que a PEC 241 vai impor cortes em programas sociais, sobretudo em educação e saúde, o que não é verdade.

Os cortes começaram bem antes, no próprio governo Dilma Rousseff, pelo simples fato de que não havia, como não há, mais dinheiro. Gastou-se –e muito mal– o que se tinha e o que não se tinha. E foi por essa razão que o atual governo se viu premido a pôr um freio de arrumação nas contas públicas, proposto por essa PEC.

Caso não o fizesse, o país caminharia para a insolvência, restando-lhe o calote da dívida (que afastaria de vez os investimentos), o descontrole inflacionário (com emissão sem lastro de moeda para pagar obrigações) ou o aumento de impostos, algo impensável num país que exibe uma das maiores cargas tributárias de todo o planeta.

Mas a militância esquerdista omite essa realidade e o que a ocasionou: a tal "nova matriz econômica", insensatez concebida no governo Dilma, que, entre outras trágicas consequências, impôs um corte de R$ 10,2 bilhões na educação e suprimiu 24 mil leitos do SUS. A bagunça desembocou num Orçamento negativo, com um deficit de inéditos R$ 170 bilhões.

Sem reconhecer sua responsabilidade na ruína econômica do país, a esquerda tenta difundir a ideia de que tudo não passa de perversidade da "direita", que não se conformaria com as conquistas sociais dos pobres, proporcionadas pelos governos petistas.

Bem, essas "conquistas sociais" estão também condensadas em números: 12 milhões de desempregados, milhares de empresas fechadas em todo o país, além de estatais saqueadas, como a Petrobras, e aposentados lesados pela delinquência partidária.

A PEC 241 não propõe cortes ou congelamento dos gastos sociais. Limita a correção da despesa primária do governo à inflação do ano anterior. Educação e saúde podem ter seus gastos ajustados até acima da inflação, desde que haja redução em outras rubricas.

A isso, se chama estabelecer prioridades. Gestão. Se educação e saúde o são –e o governo Temer assegura que sim–, haverá meios de demonstrá-lo a partir dos procedimentos estabelecidos pela PEC e do manejo orçamentário.

Há experiências análogas e bem-sucedidas em países que adotaram o mesmo caminho, como Austrália e Peru, que, a partir de um retorno à aritmética elementar, em que dois mais dois serão sempre quatro, conseguiram recuperar suas economias.

Essa PEC não esgota o universo de providências necessárias ao rearranjo da economia nacional. Mas é o primeiro e indispensável passo.

A natureza meramente predadora dos protestos oposicionistas se revelou no comportamento que o PT e seus satélites (PSOL, Rede, PCdoB) adotaram nesta semana ao obstruir a votação de duas propostas que injetaram R$ 1,1 bilhão para a educação, sendo mais de R$ 700 milhões para o Fies, medida que beneficiará 2 milhões de estudantes. A mesma esquerda que acusa a PEC 241 de retirar verbas da educação.

Como explicar essa contradição? Simples: não se explica. Apenas reconstitui o padrão histórico do PT, que investe no caos para dele emergir como força redentora. Só que o povo, escaldado pela crise e pelos escândalos, não cai mais nessa retórica golpista.


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