Folha de S. Paulo


Por que o Brasil vai às ruas

A presidente Dilma Rousseff comprovou que "fazer o diabo para ganhar a eleição" tem sido uma prática recorrente desde que Lula venceu, em 2002. A frase foi dita em um discurso em Recife, no ano de 2013, e mostra a verdadeira face de um grupo que vende a imagem de "bonzinho, preocupado com os mais humildes".

Na verdade, esse é um modelo conhecido e praticado por populistas no mundo todo. A estratégia é enganar a sociedade jogando uns contra os outros para se beneficiar da divisão que promovem. Quem ousa criticar, enfrentar e se opor a esse grupo é atacado, caluniado e classificado como "inimigo dos pobres e dos humildes".

Os petistas se vestem como paladinos da moralidade e se colocam como opositores da "elite golpista", uma classe que hoje é composta por 71% da população brasileira –rejeição é algo cuja meta Dilma mais do que dobrou.

Entre o discurso e a prática do PT, existe uma distância secular. Isso sempre esteve nítido, desde que esse modelo capitaneado por Lula começou a ser criado, dentro da estrutura mais corrupta de parte do sindicalismo brasileiro. Lula tornou-se o falso defensor dos trabalhadores, vivendo de taxas e assaques praticados pelo seu sindicato. O lema era aterrorizar e ameaçar quem lhe opusesse para se credenciar como porta-voz dos metalúrgicos. Deu no que deu.

Formador dessa linhagem que alguns chamam de "Sindicalismo PCC", Lula conseguiu enganar a sociedade. Em 1989, na primeira campanha presidencial após a redemocratização, em que nos encontramos, eu já alertava para o fato de que, se o PT chegasse ao poder, seria o maior desastre administrativo de toda a história brasileira. Já naquela época, no comando da Prefeitura de São Paulo, o partido se afundava no caso Lubeca. Estamos em 2015 e a história foi escrita.

Esse escândalo era a extorsão praticada pelos petistas contra empresários para levar adiante seus dois grandes projetos: financiar de forma ilícita suas campanhas e enriquecer sua alta cúpula. A população não deu a Lula, naquele momento, a chance de governar o país. Mas em 2002, por meio dos truques de Duda Mendonça, eles chegaram ao poder. Agora nós podemos discutir esse assunto sem paixão, diante de fatos concretos, não só denunciados por nós, mas pelo Ministério Público, pela Justiça e pela Polícia Federal. O caso Lubeca se desdobrou em mensalão, petrolão, eletrolão... Muda-se o nome, mas o esquema é exatamente o mesmo, e o propósito, também: a manutenção do PT de Lula no poder.

Só que a escalada do volume de corrupção implantada nestes últimos 12 anos é algo sem precedentes. Não se compara a nenhum outro país no mundo. Hoje a voz da oposição é só uma pequena parte de uma indignação que move milhões de vozes dos mais variados setores da sociedade e que irão ecoar de formar ordeira e pacífica nas ruas e no campo, amanhã. Quem for protestar vai pedir um basta ao "Sindicalismo PCC" que governou o Brasil nestes últimos anos. O 16 de agosto não poderá ser desmobilizado e terá que resultar em consequências práticas. Eu comparo à Primavera Árabe, que conseguiu derrotar alguns dos maiores e mais antigos déspotas.

Defendo a convocação de novas eleições como único caminho capaz de credenciar o chefe de Estado que virá para reunificar o país. Sempre em torno da ética, da competência administrativa e da autoridade moral para promover as mudanças necessárias e resgatar a confiança do brasileiro. O segundo mandato de Dilma é ilegítimo por ser fruto do estelionato e da fraude eleitoral.


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