Folha de S. Paulo


2016 foi cruel com apostas tão peremptórias quanto equivocadas

Pablo Martinez Monsivais-10.nov.2016/Associated Press
President-elect Donald Trump speaks to members of the media during his meeting with President Barack Obama in the Oval Office of the White House in Washington, Thursday, Nov. 10, 2016. (AP Photo/Pablo Martinez Monsivais) ORG XMIT: DCPM107
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, durante encontro com Barack Obama na Casa Branca

SÃO PAULO - Se até o passado é imprevisível, segundo a máxima sempre atribuída ao ex-ministro Pedro Malan, imagine o futuro. Um ano como 2016 é bastante cruel com apostas tão peremptórias quanto equivocadas. Vale rememorar algumas:

—"Nós vamos enterrá-lo na Câmara [o pedido de impeachment]. Não tenho dúvida de que a gente vai a 250, 255 votos" Esse era o ministro Jaques Wagner, em janeiro. Dilma precisava de 171 votos. Teve 137.

—"Morte e destruição: cinco sinais de que o Rio não está pronto para os Jogos", titulou o "USA Today", em junho, antes de uma Olimpíada sem maiores tropeços. A tal "morte" era a de uma onça —em Manaus.

—"Ele é uma piada pronta", disse Andrea Matarazzo sobre João Doria, que o derrotou na disputa do PSDB para definir o candidato a prefeito de São Paulo. A "piada pronta" obteve inédita vitória em primeiro turno. Matarazzo deixou o partido, uniu-se a uma ex-rival e acabou em quarto.

—"Nós não vamos morder a isca. Se você está interessado no que Donald tem a dizer, encontrará isso perto de reportagens sobre as Kardashians e 'The Bachelorette'", explicou o site The Huffington Post ao justificar por que cobriria em entretenimento, e não em política, a corrida à Casa Branca de Trump, que considerava "atração secundária".

—"Por margem estreita, a Grã-Bretanha decidirá permanecer na União Europeia", cravou a revista "The Economist", tropeçando no seu quintal.

—Nada, porém, tem mais impacto do que as tradicionais derrapadas das lunetas econômicas, não só por afetar a vida de tanta gente como pela sequência incrivelmente longa já antes de 2016. "Se tomarmos providências, temos bastante chance de um segundo semestre favorável", disse em junho de 2015 o ministro Joaquim Levy. Seu sucessor empurrou a aposta para 2016 —que acaba com as previsões originais para 2017 soando otimistas demais. Tomara que a correção também esteja errada.


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