Folha de S. Paulo


Cristiano Ronaldo é o melhor do mundo

Toda a gente sabe que o futebol é um esporte coletivo e que mesmo quando há heróis, são sempre onze no campo. Mas é graças a Cristiano Ronaldo que Portugal vai poder jogar na Copa do Mundo do Brasil, e dizê-lo não é um desprimor para os restantes jogadores da seleção nacional: além de um grato e merecido reconhecimento do seu papel fundamental no apuramento lusitano, é um elogio da mais elementar justiça.

Poderia dizer que o técnico Paulo Bento tem agora meio ano para montar uma equipa mais compacta e definir uma estratégia mais consistente, que dê maior estabilidade, fiabilidade e confiança ao jogo português. Mas na euforia da vitória sobre a Suécia, e do hat-trick de Ronaldo, é inevitável destacar a sua importância. Tantas vezes mal amado pelas suas performances na seleção, o avançado do Real Madrid carrega nos ombros (melhor dizendo, nas pernas) não apenas a responsabilidade de preservar a importância da sua própria "marca" CR7: agora que é absolutamente venerado, tem a tarefa acrescida de alimentar a esperança da torcida nacional, tão carente de alegrias em tempos difíceis.

Claro que foi pena que o apuramento de Portugal tenha ocorrido às custas da Suécia -- como o próprio, também eu considero que seria mais interessante para o torneio se Zlatan Ibrahimovic, provavelmente na melhor fase da sua carreira, pudesse participar no Mundial de 2014. Mas para não compactuar com a megalomania do sueco, também acho que é uma pena, por exemplo, que o polaco Robert Lewandowski, uma "máquina" de fazer golos no Borussia Dortmund, não jogue no Brasil. Ou que outras duas promessas do futebol europeu que poderiam explodir na Copa, o dinamarquês Christian Eriksen e o galês Gareth Bale, fiquem a ver o campeonato pela televisão.

Mas não foi assim que o destino quis, pelo que terminada a fase de qualificação e apuradas -- com mais saber ou sorte -- as seleções que vão disputar a Copa, podemos abrir a bolsa de apostas para o Bota de Ouro e regressar ao eterno debate sobre se será Messi quem vai sobressair no Brasil ou se os louros de MVP vão para Cristiano Ronaldo. Essa discussão (espúria) é puro entretenimento, mas para que fique o registro, eu jogo as minhas fichas todas no CR7.

E nem me importa se no fim do torneio, feitas as contas, acabe por ser o Neymar, o Van Persie, o Falcao ou até o Drogba a liderar a tabela dos golos. O Ronaldo levou os portugueses à Copa, e seria o cúmulo da indecência e da ingratidão se não fossemos os primeiros a dizer que é ele o melhor do mundo.


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