Folha de S. Paulo


Onze contra onze e no final ganha o Bayern

Agora que sabemos da probabilidade de haver uma final da Champions só com equipas espanholas ou só com equipas alemãs, aqui fica a minha previsão: o título este ano vai para o Bayern de Munique, já consagrado campeão nacional e com exibições monumentais esta época.

Se o futebol são onze contra onze e no fim ganha a Alemanha, aposto no time de Munique na meia final contra o Barcelona, mesmo se as estatísticas, os especialistas e o entusiasmo geral parecem estar do lado dos catalães.

Na sexta-feira, ao comentar o sorteio, o presidente Karl-Heinz Rummenigge manifestou uma humildade que nem sempre reconhecemos aos germânicos, e considerou o Barcelona como "a melhor equipa da Europa, com um potencial de ataque fantástico". Nem esqueceu a devastação causada por Messi quando os dois times se enfrentaram em 2009 - "Foi penoso de assistir", confessou.

Mas máximas são máximas, e o mais curioso é que se o Bayern se apurar, não será porque aplica a filosofia que durante décadas enfureceu os amantes da bola (e ficou consagrada no famoso dito de Gary Lineker).

Há muito que o futebol germânico ultrapassou o esquema matemático, calculista e desapaixonado, determinado e eficiente que lhe deu tantos troféus mas tão má reputação. A Bundesliga é uma das ligas mais emocionantes do mundo; a Alemanha é um dos países que mais prestigia o espectáculo do futebol, com jogos onde abunda a técnica, o estilo, e a alegria do jogo. Além disso, é também o país onde as condições para, tanto em termos de infraestruturas, como da viabilidade financeira do esporto, é mais sólida e saudável.

A jovem equipa do Borussia, sob a liderança do carismático Jurgen Klopp, é a única sem derrotas nesta edição da Champions, e seguramente tentará tudo para assegurar uma histórica final 100% alemã no estádio de Wembley (que sem dúvida faria as delícias dos criativos responsáveis pelos títulos da imprensa tablóide britânica).

O Real Madrid, que conta com nove títulos europeus no seu palmarés e vai na sua terceira semi-final consecutiva, pode estragar os planos do Borussia Dortmund, da mesma maneira que estes estragaram a festa do Málaga, que na última terça-feira morreu na praia com a semi-final à vista. Os dois times já se defrontaram na fase de grupos e aí a vantagem foi para os alemães, com uma vitória em casa e um empate na capital espanhola.

O Borussia x Málaga foi provavelmente o jogo mais emocionante da competição deste ano - como comentou, certeiro, um amigo meu, "não foi futebol, foi cinema". E apesar do desgosto, raiva, frustração e incompreensão dos andaluzes, a vitória dos alemães foi uma espécie de corolário lógico de uma temporada impressionante.

Claro que neste duelo duplo entre os representantes dos dois melhores campeonatos europeus também pode resultar uma final 100% espanhola. Mas como para essa possibilidade ainda ninguém inventou nenhum slogan com graça, prefiro nem pensar no assunto.


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