Folha de S. Paulo


Meu personal partido

As eleições de 2018 estão quase chegando e os candidatos que não estiverem atentos e ligados no lance vão perder o bonde, ou melhor, o VLT da história.

Mais de 50 novos partidos já se registraram, pegaram a senha e estão esperando na fila. Algumas agremiações estão adotando nomes que não usam a palavra "partido" porque, aparentemente, essa designação não está mais na moda.

Editoria de Arte/Folhapress

Os novos partidos estão usando nomes do tipo "Pra Frente, Brasil", "Vamo Nessa, Galera!", "Simbora, Minha Gente!" e outras coisas nesse estilo. Mas o meu partido é um partido de raiz e vai seguir a tradição.

Já está tudo pronto para o lançamento do PSJC, Partido do Samba-Jazz Carioca. Estou tendo a assessoria de um experiente marqueteiro, que prefere não ter o seu nome revelado. Não entendi bem o motivo dessa decisão. Todo mundo sabe que um dos lemas da publicidade é "Quem não anuncia se esconde". Talvez ele esteja querendo se esconder de alguém. Não sei, mas o que importa é que ele já desenvolveu uma estratégia de marketing para o lançamento do PSJC.

Um dos pilares da campanha vai ser a distribuição de instrumentos musicais para os eleitores. Vocês se lembram da caxirola? Era aquele instrumento de percussão que foi lançado na Copa do Mundo de 2014.

Editoria de Arte/Folhapress

Pois na nossa campanha serão distribuídas as baixorolas, instrumentos no formato de um contrabaixo, fabricados em plástico verde, com o braço azul e as cordas amarelas (vejam aí um protótipo, nesse flyer digital que o meu marqueteiro preparou). Naquela Copa do Mundo, o conceito da caxirola não foi bem assimilado e os torcedores acabaram usando o instrumento como artefato bélico, tentando atingir jogadores, árbitros ou os torcedores adversários.

No nosso caso, as baixorolas serão objetos mais seguros, já que, pelo seu tamanho (cerca de 1 metro e 90 centímetros), não poderão ser arremessados facilmente e, com certeza, serão utilizados de modo pacífico durante nossos comícios, além de darem um toque de requinte e sofisticação a todos os eventos do partido.

Agora só falta esperar pela aprovação do registro e a liberação da nossa parcela do Fundo Partidário. Mesmo que nosso partido fique com 0,001% no rateio do Fundo, acho que vai dar para fabricar um porrilhão de baixorolas. Vai ser muito gratificante participar dessa festa da democracia. Não se preocupem, vai dar tudo certo! Rumo à vitória! Mas se não der pra chegar a Vitória, talvez a gente chegue a Brasília. Só não queremos é chegar em Curitiba.


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