Folha de S. Paulo


João Moura contrasta com deserto arquitetônico de Pinheiros

Ao lado do viaduto que desemboca na avenida Sumaré, um deserto arquitetônico em região valorizada, é fácil avistar um raro prédio com personalidade. Destaca-se pelos painéis azuis e verdes em degradê, nas laterais da estrutura de concreto e vidro, com varandas escalonadas. O maior dos terraços funciona como uma praça para o prédio inteiro.

Apesar de situado em um fundo do vale, no alçapão da João Moura, o edifício que leva o nome da rua se sobressai entre tantos espigões insípidos. Uma agência de publicidade alugou o imóvel inteiro –publicitários têm tido mais critério para locais de trabalho do que muitos bancos e até grifes de moda na cidade.

A incorporadora Idea!Zarvos aluga o imóvel, como faz com outros comerciais, e precisa pensar no futuro deles. Outras que só constroem para vender podem até poupar no projeto e na imaginação, já que não sofrerão a desvalorização rápida de um prédio banal. Em tempos em que os mais jovens não sonham em comprar carro nem casa própria, prédios perecíveis podem ser um mau negócio.

O escritório que assinou o João Moura, Nitsche Arquitetos, foi criado em 2000 pelos irmãos Lua e Pedro Nitsche, egressos da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo). Hoje, há mais dois sócios: o caçula, João Nitsche, formado em artes plásticas pela Faap, e o amigo-quase-parente André Scarpa, arquiteto pela Universidade do Porto.

A comunicação visual dos projetos feita por João tem sido solicitada por diversos incorporadores. Os irmãos são filhos dos artistas plásticos Carmela Gross e o recentemente falecido Marcello Nitsche.

Edifício João Moura (2008)
r. João Moura, 1.144

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A coluna "Sabe Aquele Prédio?" é publicada aos domingos, a cada 15 dias, na revista sãopaulo.


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