Folha de S. Paulo


Edifício Pinheiros é testemunha do passado do Jardim Paulistano

Nos tempos em que o metro quadrado do centro era o mais cobiçado da cidade (e o único bem servido por bondes, ônibus e empregos), o Jardim Paulistano era apenas um distante bairro.

O engenheiro Rubens de Mattos Pereira se instalou ali com a família na rua Tucumã, vizinha ao Clube Pinheiros, em 1953, mais de uma década antes do surgimento do shopping Iguatemi. Natural de Taubaté, onde o pai era amigo de Monteiro Lobato e tinha a Construtora Urupês, ele se formou no Mackenzie e comprou um apartamento em um edifício baixinho, projetado pelo arquiteto e construtor Israel Galman.

Com a ajuda do sogro e de um tio, comprou um terreno de 30 metros de frente e 80 metros de fundo e incorporou o pequeno prédio. Sem a montanha de regras, taxas e impostos das décadas seguintes, conseguiu construir ali 24 apartamentos de 110 m² e ainda ganhou um dinheiro. Vários parentes investiram no imóvel, como é possível ver na escritura original, com diversos Mattos Pereira.

O painel na fachada, com imagens esportivas inspiradas pelo clube em frente, foi feito pelo mestre de obras da construção e é mantido até hoje.

A carreira do engenheiro ainda daria muitas voltas. Foi um dos responsáveis pelo primeiro plano diretor de Taubaté, criador do Departamento de Planejamento Urbano do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e publicou um livro sobre gestão e planejamento municipal ainda em 1969.

Militante do Partido Comunista, exilou-se em 1970 e foi estudar urbanismo na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Conseguiu um emprego na OEA (Organização dos Estados Americanos) como consultor de planejamento urbano de Lima, no Peru, onde morou durante 13 anos.

Ao voltar ao Brasil, em 1985, criou o Instituto de Estudos Monteiro Lobato, onde preservava a obra do amigo do pai. Morreu em janeiro de 2012, pouco antes de completar 83 anos.

Edifício Pinheiros (1956)
Rua Tucumã, 141


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