Folha de S. Paulo


Edifício Emília representa alternativa para as avenidas esvaziadas

A bela marquise revestida de pastilhas coloridas se encontra desfigurada por grades pontiagudas, que arruinam a fachada deste predinho na rua dos Pinheiros. Poucos imóveis em São Paulo parecem ter levado em conta o resultado estético de seu arsenal de segurança -ou até questionado a eficácia dessas barreiras em evitar assaltos.

Mas o que chama a atenção no Emília é a demonstração de que adensamento não é sinônimo de arranha-céu. Em um terreno estreito, onde caberiam apenas duas casas, o edifício de três andares abriga 14 apartamentos entre 104 e 110 metros quadrados. Multifuncional, ainda tem dois espaços comerciais na fachada, uma loja de moda e um ateliê de costura. A calçada agradece.

Em uma cidade onde milhões moram a horas de distância de seus trabalhos, enquanto áreas centrais são salpicadas de terrenos vazios ou de casas com poucos moradores, o Emília representa uma alternativa para avenidas esvaziadas como Brasil e Rebouças.

Com a fachada estreita, o arquiteto decidiu colocar salas e quartos virados na lateral. Criou um respiro, para garantir luz e ventilação para eles, deixando praticamente metade do terreno livre. Nessa área não construída, ficavam um tanque de areia e um playground, que desapareceram para permitir mais vagas de garagem.

O projeto singelo foi capa da revista "Acrópole", que era a principal publicação sobre arquitetura paulistana, em março de 1955. O arquiteto Israel Galman, judeu romeno que chegou ao Brasil aos nove anos com os pais, foi aluno de Vilanova Artigas e estagiário de Henrique Mindlin. Após se formar, logo abriu a sua própria construtora. Projetou, incorporou e construiu mais de 20 prédios em São Paulo, no Guarujá (SP) e em Manaus (AM).

Um outro predinho feito por Galman, de projeto superior ao Emília, foi demolido há poucos meses na rua Tucumã, perto do Clube Pinheiros.


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