Folha de S. Paulo


Com quebra-sois superlativos, Abaeté foi inspirado em arte cinética

Ao ficar pronto, em 1968, o Abaeté já era uma raridade: um residencial feito por um arquiteto do primeiro time, quando edifícios genéricos eram produzidos em grande escala. Abrahão Sanovicz (1933-1999) se formou na FAU no final dos anos 1950 —a inflação dos "50 anos em 5" de Juscelino atormentava os incorporadores com obras por entregar.

De sua geração, poucos colegas, como Alberto Botti, Marc Rubin, Sidônio Porto e Pedro Paulo de Melo Saraiva, conseguiram fazer (poucos) prédios para o mercado imobiliário.

O prédio se destaca pelos poderosos quebra-sóis, inspirados nas esculturas móveis do artista franco-israelense Yaacov Agam. Como aquele artista cinético, Sanovicz quis brises que ganhassem forma e movimento ao gosto do morador em busca de mais ou menos sol. O painel do artista Fábio Flaks é o segundo no lugar, depois de uma reforma que destruiu o original, de Bramante Buffoni.

Santista, filho de imigrantes poloneses, Sanovicz projetou, também nos anos 1960, o imponente Teatro Municipal Braz Cubas, em Santos. Na década seguinte, o arquiteto participaria de uma rara tentativa de linha de montagem (mas com qualidade) para edifícios residenciais modulares, para a construtora Forma Espaço, com obras no Itaim, Paraíso e Moema.

Neste ano, ele ganha dois livros sobre sua carreira —um sobre suas gravuras e desenhos, editado por sua neta Fernanda, para as edições Sesc; outro, sobre a obra arquitetônica, da editora Romano Guerra.

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A coluna "Sabe Aquele Prédio" é publicada aos domingos a cada 15 dias na "revista sãopaulo."

Gabriel Cabral/Folhapress
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