Folha de S. Paulo


Edifício Cícero Prado assistiu à decadência de Campos Elíseos

Gregori Warchavchik projetou e construiu este edifício na avenida Rio Branco 25 anos depois de inaugurar a sua famosa Casa Modernista, na Vila Mariana. O arquiteto judeu russo, naturalizado brasileiro, tinha acabado de criar sua própria construtora, em 1953, após décadas de percalços da arquitetura moderna por aqui: venceu concursos, que jamais saíram do papel; a clientela pedia o que já conhecia, olhando sempre pelo retrovisor, atrás de adornos de épocas e geografias distantes; e os minguados honorários pelos projetos lhe ensinaram que o melhor, mesmo, era construir.

Esse primeiro edifício da construtora, com 17 andares e em formato de U, um marco em Campos Elíseos, assistiu a decadência da área de seus espaçosos terraços. A promissora vizinhança decaiu na década seguinte. Em 1965, o governo estadual trocou sua sede no vizinho Palácio dos Campos Elíseos para o cavernoso Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi. Dezenas de repartições e milhares de funcionários públicos deixaram o bairro.

A uma quadra dele, em 1969, foi inaugurado um viaduto ligando a Rio Branco à avenida Rudge. Ali, o Moinho Central, vivia seu longo declínio. No início dos anos 1990, a favela do Moinho surgiu.

Nos últimos anos, vários novos prédios da seguradora Porto Seguro apareceram para fazer companhia ao Cícero Prado, enquanto prometidos projetos de requalificação do poder público não dão o ar da graça.

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A coluna "Sabe Aquele Prédio" é publicada aos domingos a cada 15 dias na "revista sãopaulo"


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