Folha de S. Paulo


Casal italiano realiza sonho de fazer arquitetura em São Paulo

Depois de estudar arquitetura no Politécnico de Milão, o jovem casal Ermanno Siffredi e Maria Bardelli não conseguia achar trabalho na devastada Itália do pós-guerra. Viraram-se fazendo design e publicidade de feiras agrícolas e industriais pelo interior da Itália.

Em 1950, desembarcaram no Rio de Janeiro para trabalharem como designers gráficos para Adolpho Bloch, que pouco depois lançaria a revista "Manchete". Apesar do bom salário, não tinham desistido das pranchetas.

Ao saber do concurso para escolher o projeto do novo edifício Itália, o casal veio para a Pauliceia. Firmaram sociedade com o engenheiro Nelson Scuracchio, que tinha acabado de erguer o luxuoso Cine Marrocos. Criadores da tecelagem Cotonifício Paulista, os Scuracchio seguiram outras famílias industriais italianas e judaicas, ao embarcar no nascente mercado imobiliário.

Nelson e o casal não venceram a concorrência para fazer o Itália, mas começaram a empreender modestos residenciais no centro e três luxuosos prédios em Higienópolis. O último a ser entregue foi o Domus, que faz milagre ocupando cada metro quadrado no apertado terreno. Os vizinhos o chamam de "navio", pela sacada com jeitão de proa.

Há um apartamento por andar, de 498 m², com uma rara planta em V. Em várias unidades, ainda se vêem os pisos de tacos quadriculados e as portas desenhadas por Bardelli. O casal ainda faria diversas galerias comerciais no centro, em sociedade com Benjamin Citron e Jacob Lerner, e o antigo (e cilíndrico) Hotel Hilton.

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DOMUS
(1956)
R. Sabará, 47


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