Folha de S. Paulo


Condomínio projetado por imigrantes explica sucesso da av. Paulista

Quase duas dezenas de torres residenciais, a maioria erguida nos anos 1950, explicam parte do sucesso de público da avenida Paulista. Enquanto outras vias se tornam desertas à noite e aos finais de semana, ela reúne pelo menos 5.000 moradores de rendas diversas, de quitinetes a apartamentos-palacianos.

Um dos melhores exemplares dessa safra é o condomínio Pauliceia-São Carlos do Pinhal, formado por duas torres de 23 andares, cada uma delas virada para a via que a batiza. Não existe apartamento de fundos, todos têm vista, incrementada pelos janelões que vão quase do chão ao teto. Há quatro tipos de unidades, de 70 m² a 193 m², comuns naquela São Paulo menos segregada por renda. Os jardins generosos, com bancos com encosto, vão praticamente de uma rua à outra.

O prédio é assinado por dois arquitetos, o francês Jacques Pilon e o italiano Gian Carlo Gasperini. O primeiro, autor da Biblioteca Mário de Andrade e do edifício Santo André, na praça Buenos Aires, começou com a linguagem clássica, depois foi influenciado pelo déco e abriu um dos primeiros escritórios profissionais de arquitetura da cidade.

No início dos anos 1950, Pilon contrata Gasperini, de apenas 26 anos, para ser o chefe de projetos. Acredita-se que o resultado final do conjunto se deva mais ao jovem que ao veterano, que então administrava mais que projetava.

Depois de ser coautor do edifício-galeria Metrópole, que projetou aos 33 anos, Gasperini abriu em 1962 um escritório próprio com os sócios Plinio Croce e Roberto Aflalo, o mais antigo do país ainda em atividade. Fizeram mais de 1.200 projetos. Aos 90 anos, é difícil achar outro arquiteto que tenha erguido mais metros quadrados no Brasil que Gasperini.


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