O Solar do Conde foi a soma do talento de quatro amigos, que se conheceram no Mackenzie: o engenheiro calculista Roberto Zuccolo, que foi professor dos engenheiros Fernando Gasparian e Rubens Paiva e do arquiteto Pedro Paulo de Melo Saraiva. Os quatro eram sócios da construtora Paiva, da família de Rubens, e foi natural que a empresa fosse responsável pelo prédio que seria erguido em um imóvel da família Gasparian, em 1962.
Aos 29 anos, Pedro Paulo tinha vencido vários concursos de arquitetura –entre eles, para projetar o edifício Quinta Avenida, na Paulista, o da Assembleia Legislativa de Santa Catarina e o estádio municipal de Santo André. Pouco depois, desenhou a sede do Esporte Clube Sírio.
O resultado da empreitada foi um dos primeiros prédios a ter concreto aparente nos dez pilares de sustentação, que deixam o térreo aberto a um belo jardim (as grades viriam muito depois). Quando ficou pronto, em 1965, os 26 apartamentos tinham vista panorâmica para o Pacaembu.
Zuccolo morreu pouco depois, em 1967. Paiva, eleito deputado no ano em que começou a construção do prédio, foi cassado e sumiu nas mãos da ditadura militar em 1971. O desaparecimento do amigo convenceu Gasparian a fundar o semanário político "Opinião" e a revista "Argumento", de oposição ao regime. Morreu em 2006, depois de anos como editor da Paz e Terra. Pedro Paulo projetaria diversos prédios residenciais e públicos e, com o filho arquiteto, Pedro, foi responsável pela reforma do Mercado Municipal em 2002, quando criou a praça de alimentação metálica no mezanino, um inspirado mirante para o movimento do mercadão.
Último sobrevivente do grupo, o arquiteto morreu na última terça (16), aos 83 anos, ainda morando no prédio que simbolizava a união dos amigos.
Edifício Solar do Conde (1962). Rua Pará, 241
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| O arquiteto Pedro Paulo de Melo Saraiva, morto nesta terça (16) |