Folha de S. Paulo


Refugiado do nazismo fez belo prédio econômico em São Paulo

Placas de eternit na fachada, pedra fininha (aerolite) no chão, nas paredes e nos pilares e o tijolo laminado foram escolhidos por serem econômicos. O prédio foi lançado sem fins lucrativos por uma cooperativa de 107 famílias, em sua maioria de funcionários públicos —o engenheiro e professor da Poli Lucas Nogueira Garcez, que viraria governador anos depois, tinha um apartamento ali. Mas os condôminos toparam ratear a compra de esculturas de Bruno Giorgi, sugeridas pelo arquiteto-construtor para a entrada.

O talentoso polonês Luciano Korngold, autor do projeto, conseguiu escapar de Varsóvia logo após a ocupação nazista. Ele veio para o Brasil, com a mulher e o filho, por conta de uma iniciativa entre o Vaticano e o Itamaraty. Pelo empenho pessoal do embaixador Hildebrando Accioly e com a autorização do chanceler Oswaldo Aranha, um grupo de 959 judeus obteve vistos como "israelitas católicos", despistando antissemitas.

Korngold se tornaria um dos mais prolíficos arquitetos e construtores de São Paulo. Projetou o CBI-Esplanada, aquele maciço branco atrás do Theatro Municipal (primeiro arranha-céu modernista da cidade), e o edifício Thomas Edison, onde fica o Paribar, na praça Dom José Gaspar, além de diversos residenciais em Higienópolis, bairro onde vivia.


Endereço da página:

Links no texto: