Folha de S. Paulo


Edifício Arlinda exibe imponência popular no Arouche

A imponência do edifício Arlinda (de 1959), de 24 andares, é popular: a maior parte de seus apartamentos são de quarto-e-sala, mas com generosos 70m2.

As jardineiras dependuradas na fachada curva garantem privacidade entre as 72 unidades, todas com vista para o largo do Arouche. Multiuso, tem três espaços comerciais no térreo (atualmente ocupados por bares) e quatro escritórios na sobreloja.

Foi uma das últimas obras projetadas pelo arquiteto alemão naturalizado brasileiro Franz Heep (1902-1978), autor também dos projetos do edifício Itália, do hotel Jaraguá e de residenciais elegantes na avenida Higienópolis. Desenhou uma dúzia de prédios de apartamentos econômicos no Centro –perfeccionista, testava a disposição de toda a mobília para conseguir o maior conforto no menor espaço, algo que aprendeu em Frankfurt.

Heep trabalhou sob o modelo da escola Bauhaus com o conterrâneo Adolf Meyer, e, em Paris, passou três anos no escritório do mestre francês Le Corbusier e foi sócio do polonês Jean Ginsberg.

Chegou ao Brasil em 1947, depois de uma experiência traumática: detido durante a ocupação alemã de Paris, teve que trabalhar para os nazistas, enquanto sua mulher, Marie, judia de origem austríaca, foi enviada para um campo de concentração. Com o fim da guerra, os dois conseguiram se reencontrar. Com a filha, Elisabeth, imigraram para São Paulo.

Logo, enturmou-se com alguns dos maiores nomes da arquitetura paulistana: conseguiu trabalho no escritório do francês Jacques Pilon, ficou amigo de Rino Levi e fez parceria com Henrique Mindlin. Ganhou vários concursos, inclusive para fazer a Igreja de São Domingos, em Perdizes. Foi professor do Mackenzie por uma década.


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