Folha de S. Paulo


Os banqueiros estão furiosos com os irmãos Batista

Joesley e Wesley Batista têm mais uma preocupação importante, além da mais evidente, que é sair da cadeia. Os donos do dinheiro grosso estão furiosos com os irmãos, particularmente com Joesley.

Nas rodas de conversa do setor financeiro, são muitas as críticas ao que consideram uma irresponsabilidade do irmão caçula do clã, que partiu para a briga com o presidente Michel Temer sem medir as consequências.

Sob o compromisso de ter seu nome mantido em sigilo, um banqueiro diz que o maior exemplo disso é a nota de Joesley, chamando Temer de "ladrão geral da República", divulgada poucos dias antes de o empresário ser preso.

A avaliação dos credores é que Joesley apostou todas as suas fichas no procurador-geral Rodrigo Janot, que virou as costas ao menor sinal de suspeitas contra ele. O empresário também teria calculado mal a força de Temer para se vingar da JBS.

A irritação é ainda maior porque, até o mal-explicado envio de uma autogravação comprometedora de Joesley para as autoridades, os banqueiros eram só elogios ao grupo. Diziam que os Batista estavam conduzindo uma reestruturação "à la BTG": vendendo ativos rapidamente com o compromisso de pagar dívidas.

Tudo indicava, portanto, que o desfecho seria o mais benigno possível diante do tamanho da confusão: os bancos receberiam a sua parte e ainda sobraria algum para os irmãos. Agora a situação se tornou delicadíssima.

Como Alpargatas, Vigor e Eldorado são empresas atrativas, ainda não há sinais de que os compradores queiram desfazer os negócios, mas é claro que tudo depende do risco. Se essas vendas não saírem, os bancos não recebem.

Por conta disso, o jogo virou. Há algumas semanas, os Batista tinham os credores a seu favor. Agora eles parecem dispostos a apoiar o BNDES em sua batalha para afastar os irmãos do comando dos negócios. Tudo o que querem é se livrar da família e receber seu dinheiro de volta. Afinal, a dívida líquida apenas da JBS é de mais de R$ 50 bilhões.


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