Folha de S. Paulo


Economia se tornou bote salva vidas de Temer

Com mais uma crise política se avizinhando, Michel Temer elegeu a economia como o bote salva vidas capaz de salvar seu mandato. A julgar pelo desempenho do PIB divulgado nesta sexta-feira (1º), o bote está sendo suficiente para apenas mantê-lo com a cabeça para fora da água.

Segundo o IBGE, a economia brasileira avançou 0,2% no segundo trimestre em relação ao primeiro e 0,3% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Boa parte dos dados econômicos —indústria, comércio, mercado de trabalho— confirma que a atividade finalmente começou a avançar. A recuperação é muito lenta, mas, para um país que vem de dois anos de profunda recessão, só parar de piorar já é um alento.

PIB DO BRASIL
Economia do país cresce 0,2% no 2º tri

Mais uma vez a recuperação está vindo do consumo das famílias, estimulado, entre outros fatores, pela liberação do FGTS das contas inativas. Ao contrário da época da Dilma, quando a inflação estava teto da meta, o cenário agora é diferente: preços lá embaixo por conta da recessão e muita ociosidade nas fábricas.

Traduzindo: o ideal seria destravar o investimento, tarefa que os sucessivos governos brasileiros pós redemocratização parecem incapazes de cumprir, mas impulsionar o consumo neste momento pode ser uma saída.

O mercado financeiro, que vive de antecipar tendências, já vislumbra uma melhora em 2018 e 2019 e, por isso, vai dando sustentação a Temer em meio ao turbilhão político —e mais uma tempestade está a caminho com a nova denúncia do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot.

"O mercado está convencido de que o próximo presidente será um reformista capaz de aprovar a reforma da Previdência. Na minha opinião, o cenário para a eleição de 2018 ainda é muito imprevisível", diz Juan Jensen, sócio da 4E Consultores.

Essa recuperação pífia, no entanto, não é suficiente para elevar a popularidade do governo. O mercado de trabalho parou de piorar, mas as novas vagas são precárias. Temer pode ter convencido o mercado, mas seu desempenho ainda está longe de agradar a população.

PIB - Trimestre X trimestre imediatamente anterior, em %


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