Folha de S. Paulo


Enquanto a economia patina, políticos só pensam nas eleições de 2018

Igo Estrela - 5.jun.17/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 05-06-2017, 11h00: Cerimônia em Comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente no Palacio do Planalto em Brasilia. Presidente Michel Temer e presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia. (Foto: Igo Estrela/Folhapress, PODER)
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Michel Temer, no Planalto

Até agora a crise política que desestabilizou o governo Michel Temer após a delação da JBS não provocou a catástrofe na economia brasileira que os analistas chegaram a prever.

Depois de um repique inicial, o dólar está relativamente comportado, os juros e o risco-país não dispararam.

Os investidores só não entraram em pânico porque não há sinais de que uma nova guinada à esquerda na economia.

Nos dois cenários mais prováveis —Temer continua na Presidência ou é afastado e assume Rodrigo Maia—, o rumo da política econômica será o mesmo: austeridade fiscal e alguma queda de juros, até porque o estouro nas contas do governo não deixa espaço para aventuras.

Essa percepção impede uma hecatombe, mas não quer dizer que as coisas estejam bem. A recuperação, que chegou a ser vislumbrada antes de o empresário Joesley Batista confessar seus crimes e envolver diversos políticos, está mais distante.

Um mês atrás, os analistas previam um anêmico crescimento de 0,5% do PIB neste ano e de 2,4% em 2018, após uma profunda e prolongada recessão. Agora esses percentuais baixaram para 0,4% e 2%, conforme o boletim Focus.

Isso ocorre porque, se a crise não é suficiente para provocar uma fuga de investidores, tampouco permite que empresas e consumidores planejem qualquer coisa além do fim do mês. Afinal, ninguém sabe quem será o presidente nem no curto prazo.

Em meio à confusão, falta de dinheiro até para emissão de passaporte, a equipe econômica se segura como dá, e a janela de oportunidade para as reformas, que prometiam ser o grande legado desse governo de transição, se fecha rapidamente.

Com Temer insistindo em se agarrar no cargo, o procurador Rodrigo Janot fatiando as denúncias contra ele para manter a pressão e a perspectiva da delação do ex-aliado Eduardo Cunha, não há clima para aprovar nada no Congresso, por mais que o governo insista em dizer o contrário.

Se o presidente cair e Maia assumir, pode ser que ele consiga aprovar a reforma trabalhista e fazer uma reforma previdenciária mínima antes que o bombardeio comece novamente. Por enquanto, parece ser a melhor opção para manter o mercado calmo.

A questão é que nenhum dos protagonista da política —Temer, Lula, Aécio, Tasso, Alckmin, Maia, Doria etc,— parece estar verdadeiramente preocupado com os 14 milhões de desempregados.

Deixam a Temer a tarefa suja de acabar com a Lava Jato, enquanto tentam salvar o próprio pescoço e, dependendo de que lado estão, manter ou tomar o poder em 2018.


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