Folha de S. Paulo


É quase ingênuo apelo de FHC por grandeza de Temer

Suamy Beydoun - 2.out.2016/Futura Press/Folhapress
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vota nas eleições municipais de São Paulo
Ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vota nas eleições municipais de São Paulo

Parece quase ingênuo o apelo do ex-presidente Fernando Henrique para que Michel Temer tenha um "gesto de grandeza" e antecipe as eleições diretas, se avaliar que não tem mais condições de governar.

Como pedir grandeza de um político que recebe um empresário corrupto em horário impróprio para conversas pouco republicanas e cujo braço direito é flagrado pela Polícia Federal correndo com uma mala de propina?

Se teve algo que o presidente Temer já demonstrou, é seu apego ao cargo para tentar salvar a si próprio e ao seu grupo da Operação Lava Jato. Mesmo que isso signifique manter o país mergulhado na recessão e no desemprego.

FHC, no entanto, conhece bem seu interlocutor e sabe que sua proposição é quase teórica. Sua proposta de eleições diretas -que ele mesmo havia rotulado de golpismo - diz mais sobre a falta de rumo do PSDB do que aponta uma solução para a crise política.

Nas palavras do cientista político Fabio Wanderley Reis, da UFMG, o ex-presidente é hoje um "pensador se torturando" para encontrar uma saída para o país ao mesmo tempo em que atende aos interesses comezinhos do seu partido.

O PSDB alega que se mantém no governo para preservar as reformas econômicas, mas seus caciques estão mais interessados em manter o apoio do PMDB nas eleições de 2018 e em defender o senador Aécio Neves.

Certamente o ex-ministro Miguel Reale Junior, que pediu desfiliação depois de 27 anos, não é o único tucano desiludido. Esse sentimento deveria ser comum a todos os peessedebistas que foram às ruas em 2015 com o objetivo de moralizar a política e não apenas de tirar o PT do poder.

Reali Junior foi preciso ao dizer que o PSDB está se peemedebizando. O partido não deveria esquecer que nasceu da tentativa de Mário Covas de se distinguir do PMDB de Orestes Quércia e José Sarney.


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