Folha de S. Paulo


O Brasil se livrou da estagflação

Nos últimos tempos, o Brasil sofreu com um dos piores males que podem atacar uma economia: a estagflação. O fenômeno ocorre quando um país enfrenta, ao mesmo tempo, recessão e inflação alta.

Dados divulgados pelo IBGE na última quarta-feira (11) demonstraram que o país conseguiu resolver pelo menos parte dos seus problemas, ao controlar a ameaça inflacionária e se livrar da estagflação.

O IPCA subiu 6,3% no ano passado, abaixo dos 10,7% de 2015 e dentro do intervalo da meta do governo. Os preços cederam até mesmo no setor de serviços.

Uma inflação controlada é muito benéfica para o país, porque recupera o poder de compra das famílias e permite que o governo tenha alternativas para tratar a recessão.

O Banco Central já aproveitou os preços mais comportados para acelerar o corte de juros, o que reduz o custo dos empréstimos e dá algum fôlego ao consumo.

Quando o país vivia uma estagflação, qualquer estímulo à demanda podia levar a uma espiral de preços. Por isso, a estagflação é uma doença rara que só se instala quando algo vai muito mal.

No Brasil, foi consequência de intervenções equivocadas do governo Dilma, que represou os preços da energia, gastou demais com subsídios pouco efetivos e perdeu a confiança dos empresários e dos investidores.

Corrigir esses erros custou caro. O país já soma 12 milhões de desempregados e o número deve aumentar nos próximos meses para só então, no melhor cenário, se estabilizar.

De qualquer forma, já é um alívio perceber que agora temos algum remédio disponível para tirar o país da UTI. O governo, no entanto, precisa resistir à tentação de desistir do tratamento, esvaziando o ajuste fiscal.

E, infelizmente, a recuperação da economia também depende do imponderável. Até quando o governo Temer vai resistir às denúncias de corrupção e às delações premiadas que vem por aí?


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