Se ainda restava alguma dúvida, o minipacote de medidas anunciadas nesta quinta-feira (15) pelo presidente Michel Temer deixou evidente o quão limitado é o espaço do governo para estimular a economia.
O diagnóstico está correto ao tentar reduzir o endividamento das empresas e das famílias, mas, por falta de dinheiro, o remédio é incapaz de curar o doente e traz apenas algum alívio.
Não é só o governo federal e os Estados que estão atolados em dívidas. Com uma pilha de prestações em atraso, as famílias não consomem e as empresas não investem, independentemente da melhora da confiança no futuro do país.
O governo tenta suavizar o problema ao propor um alongamento das dívidas das empresas com a Receita Federal e tentando estimular os bancos a reduzir os spreads (diferença entre o que os bancos pagam para captar recursos e o que cobram na ponta).
Com exceção do questionável refinanciamento dos empréstimos do BNDES, cujos juros camaradas já custaram bilhões aos cofres públicos, a equipe econômica segue resistindo a saídas tão milagrosas quanto ineficazes.
"Depois da gastança dos anos Dilma, não há espaço para uma política anticíclica significativa sem comprometer o ajuste fiscal", conclui a economista Mônica de Bolle.
Resumindo: essas medidas não vão tirar o país da recessão e o experiente Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, sabe disso. Ele só está tentando ganhar tempo.
A solução continua sendo perseguir o ajuste completo da economia, que, no início de 2017, deve chegar ao seu momento mais doloroso, com o desemprego atingindo o pico.
O anúncio do minipacote foi um ato político para mostrar que o governo não está inerte diante da recessão e para tentar desviar as atenções da Lava Jato.
O problema é que, com denúncias de corrupção que atingem seus principais auxiliares e o próprio presidente surgindo a todo momento na delação da Odebrecht, o governo está perigosamente perdendo a legitimidade para pedir mais sacrifícios à população.