Folha de S. Paulo


E agora, Bendine?

Nos últimos dias, o governo montou uma ofensiva de marketing para tentar convencer a população de que a Petrobras "viraria a página" após a divulgação do seu balanço, o que aconteceu na última quarta-feira (22) com cinco meses de atraso.

A equipe liderada pelo presidente da estatal, Aldemir Bendine, conseguiu apresentar dados críveis, que obtiveram o aval da auditoria independente PWC e do regulador do mercado americano.

Sempre tem alguém que vai dizer que a situação é ainda pior do que os números mostram, mas o diagnóstico já é assustador. A Petrobras registrou seu primeiro prejuízo desde 1991 por causa da corrupção descoberta pela Operação Lava Jato e, principalmente, pela má gestão dos anos do PT.

Bendine agora precisa começar a tratar o doente e não será nada fácil. Para financiar todo tipo de desmandos do governo, a dívida da Petrobras chegou a exorbitantes R$ 351 bilhões no ano passado –o equivalente a cerca de um ano de receita da petroleira.

O remédio é relativamente conhecido, mas é amargo: vender parte do patrimônio e cortar investimentos. E, enquanto isso, encontrar investidores dispostos a sustentar a empresa durante o período de convalescência.

O plano está traçado, mas ainda não foi detalhado. Que ativos serão vendidos? Onde a empresa vai captar mais dinheiro? Quais investimentos serão cortados?

O mais importante, no entanto, nem é isso. O que todos querem saber é se o governo vai parar de utilizar a Petrobras como instrumento político.

Quando o preço do petróleo voltar a subir, a estatal vai ser autorizada a reajustar os combustíveis apesar do impacto na inflação? A Petrobras vai parar de subsidiar estaleiros nacionais pouco competitivos?

Os partidos políticos vão deixar de lotear a empresa? Será expurgada toda a rede de funcionários comandada pelos ex-diretores Paulo Roberto Costa e Renato Duque que assaltou os cofre da Petrobras?

E agora, Bendine?


Endereço da página: