Folha de S. Paulo


Dilma e sua fila de interinos

Luciano Coutinho, presidente do BNDES foi anunciado no final da tarde desta quinta-feira (26) com presidente do conselho de administração da Petrobras em substituição a Guido Mantega.

A mudança no cargo vinha sendo alvo de especulações enquanto a estatal enfrenta a pior crise da sua história, após as revelações de que ex-funcionários recebiam propinas de construtoras.

A escolha de Coutinho é questionável, porque os investidores esperavam alguém capaz de renovar a governança da companhia. No comando do BNDES desde 2007, o economista é muito ligado ao governo e conhecido pela desastrada política de "campeões nacionais", que despejou bilhões de reais em algumas poucas empresas.

Só que, logo em seguida, surge a informação de que Coutinho vai cumprir um mandato tampão permanecendo no cargo até o final de abril, quando a assembleia de acionistas elegeria um novo presidente do conselho.

Não é tão raro em empresas esse tipo de arranjo, mas a Petrobras atravessa um momento crítico. A estatal não conseguiu até agora divulgar seu balanço e se prepara para vender parte de seu patrimônio.

O mais cotado para a presidência do conselho ainda é Murilo Ferreira, da Vale, que vai acumular uma carga de trabalho enorme. É provável que Ferreira não queria assumir o cargo antes da publicação do balanço da Petrobras para não se comprometer com decisões e prejuízos sobre os quais não teve qualquer ingerência.

O que está evidente, no entanto, é a lentidão da presidente Dilma para tomar decisões e a sua dificuldade para encontrar novos colaboradores.

Vale lembrar que o próprio Mantega ficou no posto de ministro da Fazenda por semanas, mesmo após o nome de Joaquim Levy ter sido anunciado. Dilma também tentou manter Graça Foster na presidência da Petrobras por mais tempo, mesmo após ela ter pedido demissão. O arranjo só não vingou por uma rebelião dos diretores.


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