Folha de S. Paulo


Chatices e baixarias

Os debates entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) no segundo turno até agora foram lamentáveis.

Quase dormi no primeiro confronto: uma chatice. Muitas perguntas não faziam sentido e as respostas eram ainda mais desconexas. Os dois candidatos faziam acusações que as pessoas não tinham a menor condição de saber de imediato se eram verdadeiras ou não.

O segundo debate foi mais "divertido", mas com ataques abaixo da linha da cintura. De um lado: "seu irmão tinha um empreguinho na prefeitura do seu amigo!". Do outro: "você dirigiu bêbado!".

Sério? É assim que esperam que os brasileiros definam seu próximo presidente?

Falta pouco mais de uma semana para a eleição presidencial e os programas de governo são rascunhos - até por receio de ataques do adversário.

A maioria das pessoas não tem ideia de quais são as respostas para perguntas essenciais para definir o voto. Como o candidato (a) vai reduzir a violência? Como o candidato (a) vai melhorar a educação nas escolas? Como o candidato (a) vai fazer o país voltar a crescer?

É dura a vida do colunista que tem que encontrar um pouco de lógica nesse circo. Praticamente o único tema em que pude ver duas propostas é o combate a inflação.

Aécio acusa o atual governo de neglicenciar a inflação e diz que vai trazê-la de volta ao centro da meta, que é 4,5%. Promete transparência nas contas públicas e já chegou a dizer que não teria receio de tomar medidas impopulares, mas não detalhou.

Dilma finalmente deixou claro sua política econômica. Está satisfeita se a inflação fechar o ano em 6,5%, no topo do intervalo de tolerância. E diz que baixar mais os preços vai "gerar um desemprego de 15% (!)".

São visões antagônicas, que permitem ao eleitor concordar ou discordar e votar com consciência. É pedir demais que fosse assim em todos os temas relevantes para o país?


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