Folha de S. Paulo


Anything but Dilma

Um banqueiro nova iorquino voltou meio zonzo de uma recente vigem ao Brasil. Ele esteve com os principais executivos do setor de petróleo e gás, entre produtores e fornecedores. Com a óbvia exceção dos dirigentes da estatal Petrobras, todos estão torcendo por Marina Silva.

"Vocês trabalham em uma indústria de energia suja e a Marina é ambientalista. Como podem apoiá-la? Não faz nenhum sentido", afirmava o incrédulo representante de Wall Street. "Pois é.... Imagine a nossa outra opção", respondiam os executivos.

Um dos motes da campanha da presidente Dilma para desconstruir a imagem de Marina é que ela vai abandonar o pré-sal. Pelo jeito o apelo não convenceu o setor, que está mais preocupado com as dificuldades da Petrobras e com a falta de crescimento da economia.

A percepção do banqueiro reflete com precisão o clima que tomou conta de diversos setores: "anything but Dilma" (qualquer coisa, menos a Dilma). As cotações do câmbio e da Bolsa mostram que o mercado se recusa a admitir uma vitória da presidente, mesmo com sua recente subida nas pesquisas.

Se Dilma vencer, é muito provável que o governo terá que enfrentar um tremendo solavanco nos preços dos ativos, que vai exigir remédios ainda mais amargos do que as correções já necessárias nos preços e nas contas públicas.

A presidente tem feito uma campanha de medo, prejudicando a credibilidade do Banco Central e acusando os adversários de "tarifaço" e "corte de gastos".

Se tomar medidas duras logo de saída ao invés do ajuste gradual que vem prometendo, será mais um estelionato eleitoral –dos muitos que o Brasil já viveu, é bom frisar.

A não ser que Dilma esteja mesmo disposta a brigar com o mercado e pagar para ver.


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