Folha de S. Paulo


Manipulação eleitoral

Na eleição de 1998, os petistas passaram a campanha acusando os tucanos de manipular o câmbio. Eles diziam que o Plano Real era uma farsa porque o câmbio fixo não ia se sustentar. Os tucanos negavam veementemente.

Dois meses após iniciar o segundo mandato, o presidente Fernando Henrique Cardoso foi obrigado a fazer uma maxi desvalorização do real. FHC gastou capital político para aprovar a emenda da reeleição e não realizou o ajuste fiscal. Teve que pedir socorro ao FMI.

A história se repete após 16 anos com petistas e tucanos em novos papeis. A oposição acusa o governo de manipular a inflação. A presidente Dilma, que tenta a reeleição, nega veementemente.

O governo vem segurando, direta ou indiretamente, os preços sob seu controle: combustíveis, energia elétrica e transporte público. A consultoria PSR, comandada pelo respeitado Mário Veiga, calcula que só a energia elétrica terá que subir entre 12% e 19%.

Mesmo com toda essa conta represada e com a Petrobras no limite por subsidiar a gasolina, o IPCA atingiu 6,15% no acumulado em 12 meses até março. Alguns analistas já acreditam que há riscos de a inflação ultrapassar 6,5%, o teto da meta, este ano. Se reeleita, qual será o patamar de inflação que Dilma vai ser obrigada a aceitar em 2015?

Com menos pressão política após vencer a eleição, FHC corrigiu o rumo: aprovou a lei de responsabilidade fiscal, estabeleceu o superávit primário (economia para pagar juros) e aceitou o câmbio flutuante. Vamos torcer para que o próximo mandatário tenha o mesmo bom senso e corrija as distorções na inflação. Em economia não há almoço grátis. É lamentável o custo de manipulações eleitorais para o país.


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