O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, recebeu uma missão digna de super-herói: salvar a credibilidade da política econômica da presidente Dilma e controlar a inflação, que não dá sinais de baixar.
O BC surpreendeu nesta semana ao não reduzir o ritmo do aperto monetário, elevando os juros para 10,5%. O mercado foi pego desprevenido exatamente porque duvida da autonomia do BC.
Mas parece que Dilma não só autorizou Tombini a seguir em frente como depositou nele todas as fichas para que a inflação não corroa ainda mais a renda do trabalhador em ano eleitoral. O BC está sozinho na batalha. Até agora, não há arrocho consistente previsto para a política fiscal, simplesmente porque o governo não acha que gasta demais.
Tombini provavelmente não poderá contar nem sequer com a Petrobras, que não tem mais espaço para absorver os reajustes dos preços internacionais do petróleo.
O dilema do presidente do BC é resultado de um grave erro de coordenação das políticas monetária e fiscal no governo Dilma.
No primeiro ano do mandato, o BC aproveitou a crise global para cortar juros quando ninguém esperava. Baixar os juros era uma promessa de campanha de Dilma.
O erro veio quando a indústria fraquejou e o PIB patinou. O Ministério da Fazenda esqueceu da promessa de apertar os cintos para ajudar o Banco Central e abriu mão de arrecadação promovendo desonerações setoriais aqui e acolá.
Resultado: as contas públicas pioraram, o crescimento do PIB continua medíocre, e a inflação resiste, ancorada no preço dos serviços.
E agora o "Super-Tombini" é chamado em um ano com depreciação cambial à vista e com o país mais vulnerável pela deterioração dos indicadores domésticos. Sem falar do possível rebaixamento da nota do Brasil pelas agências de risco... Ele realmente vai precisar de nervos de aço.