Folha de S. Paulo


Após tumultos, Bienal do Livro Rio cobra por espaço para autógrafos

Após tumultos em eventos com autores best-sellers nas últimas edições, a Bienal do Livro Rio, marcada para setembro, resolveu criar espaços exclusivos para sessões de autógrafos. Enquanto em outros anos as editoras organizavam eventos em seus próprios estandes e pagavam um valor módico pelo uso de auditórios para seus principais autores, agora há uma série de regras, com valores bem mais altos.

Para uma sessão modesta, com limite de 80 pessoas, as editoras pagam R$ 426. O preço chega a R$ 6.890 para um espaço com capacidade para 4.000 fãs. Segundo a Fagga, que organiza a Bienal, os valores se referem aos custos com montagem das estruturas e segurança, entre outros. A empresa informa que a ideia do espaço exclusivo estimula mais sessões de autógrafos, com "conforto e qualidade".

Uma regra deixou editores de orelha em pé: atrações nos estandes estarão limitados a um participante por metro quadrado da área do espaço da editora, o que coibiria eventos "caseiros". A organização afirma que esse é só um "parâmetro inicial" e que "cada evento será avaliado individualmente". Segundo a organização, as cotas iniciais colocadas à venda já foram superadas.

CORDEL ENCANTADO

A Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, adquiriu o acervo de literatura de cordel do embaixador Rubem Amaral Jr. A coleção de folhetos (obra impressa de poucas folhas, em forma de brochura) foi iniciada nos anos 1960 e é composta hoje por quase 6.000 itens.

Alguns deles são raríssimos, como o mais antigo do acervo, "Tragédia do Marquês de Mântua", publicado em Lisboa, em 1692. A obra foi localizada durante o serviço diplomático de Amaral por Portugal e Espanha.

Também há conjuntos raros do Brasil dos anos 1920 a 1950, produzidos por editoras do Pará, de Pernambuco e da Bahia. O folheto brasileiro mais antigo da coleção foi lançado no Rio, em 1919.

NOS EUA

Reprodução/The New York Times
Capa do suplemento
Capa do suplemento "Book Review", do "New York Times", do próximo dia 2 de agosto, com Clarice Lispector

Clarice Lispector (1920-1977; à dir.) estará na capa do suplemento literário do 'New York Times' do próximo dia 2, por ocasião do lançamento de 'The Complete Stories', organizado com Benjamin Moser, com todos os contos da escritora em inglês; à esq., a americana Shirley Jackson (1916-1965), de quem sai "Let me Tell You"

UMA LONGA HISTÓRIA

Clarice, aliás, virou personagem involuntária de uma edição independente que o poeta Edson Marques disponibilizou há um mês em sites de autopublicação como o Clube dos Autores.

"Desafiat", versão impressa e digital de uma espécie de dossiê que Marques atualiza freneticamente no blog homônimo, acompanha 14 anos de uma batalha do poeta com a Fiat, a agência Leo Burnett e Paulo Gurgel Valente, filho de Clarice.

A disputa começou quando, em 2001, a agência fez uma propaganda da montadora usando o poema "Mude", que acreditou na época ser de Clarice. Pagou R$ 40 mil ao herdeiro, que aceitou o valor e liberou alterações na obra.

Marques, que diz ser o autor e registrou o poema em 2003, nunca conseguiu ser atendido por Gurgel Valente, a quem pede explicações. O herdeiro de Clarice nunca devolveu o valor. Assim como a Fiat, não respondeu aos questionamentos da coluna. A Leo Burnett preferiu não comentar.

A briga segue na Justiça. Marques diz ter vendido 22 exemplares da edição caseira e promete "lançamento nacional" em setembro.

QUATRO ANOS DEPOIS

Nesta semana, Marcos Strecker deixou a direção editorial da Globo Livros, que se transformou em sua gestão, iniciada em 2011. Com seis novos selos, incluindo a Biblioteca Azul, a casa passou a contar no catálogo com nomes de primeira linha como Sylvia Plath, John Updike, Christopher Hitchens, Javier Cercas, John Banville, Elena Ferrante, Richard Flanagan e Ngugi wa Thiong'o.

Também foram publicados best-sellers como Laurentino Gomes e Khaled Hosseini. A assessoria de imprensa da Globo Livros disse que o corte foi motivado pela crise. Com a saída de Strecker, os seis editores da casa passarão a se reportar a Mauro Palermo, diretor geral.

Prole A Companhia das Letras comprou os direitos do novo livro da chinesa Xinran. Em "Buy Me The Sky: The Truth About China's One-Child Generation", a escritora retrata as pessoas nascidas na China depois de 1979, já sob a política do filho único.

Prole 2 O livro sairá no Brasil em 2016. Nesta semana, o governo chinês anunciou que estuda estender a autorização para dois filhos.

Ilustre Boris Schnaiderman foi uma surpresa entre o público do concerto de Elomar no domingo (19), no auditório Ibirapuera. Aos 98 anos, o tradutor, que sai muito pouco de casa, foi acompanhar a mulher, Jerusa Pires Ferrreira, que é amiga do músico. Boris está lançando pela Perspectiva o livro "Caderno Italiano", em que evoca sua história e a participação na Segunda Guerra.

Magias A Galera Record publica em agosto o livro "Vitral Encantado", da escritora Diana Wynne Jones, que morreu em 2011 –foi a última obra lançada por ela em vida.

Magias 2 A trama acompanha a trajetória de Andrew, um garoto cético que vai precisar lidar com um casarão mágico quando o avô morre. Considerada "a melhor autora de livros infantis dos últimos 40 anos" por Neil Gaiman, Jones escreveu "O Castelo Animado", adaptado para o cinema pelo diretor Hayao Miyazaki.


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