Folha de S. Paulo


Resistência literária

Rádio Londres foi uma estação clandestina que operou de 1940 a 1944 na França ocupada pelos nazistas e teve papel importante na resistência francesa. É também o nome de uma editora independente que promete renovar o mercado literário nacional a partir de janeiro.

Fundada pelo italiano Gianluca Giurlando, 40, a editora carioca passou o último ano angariando e traduzindo títulos de qualidade que passaram despercebidos pelas boas casas do ramo. A primeira leva inclui preciosidades como "Viva a Música!", do colombiano Andrés Caicedo (1951-1977), que se matou aos 25 anos e hoje é reverenciado em países hispânicos, e "Stoner", do americano John Williams (1922-1994), autor cuja obra conquistou a admiração de colegas como Ian McEwan, Julian Barnes e Bret Easton Ellis.

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Há cinco anos no Brasil, Giurlando diz enxergar aqui "enorme potencial de leitores e uma falta de editoras independentes com literatura de altíssima qualidade, modelo consolidado na Europa".

A seleção que a Rádio Londres lança em janeiro inclui "Estação Atocha", do americano Ben Lerner, 35, "A Vida em Espiral", do senegalês Abasse Ndione, 67, e "Minotauro", do israelense Benjamin Tammuz (1919-1989).

Nos meses seguintes, a editora publicará três dos mais importantes autores contemporâneos da Holanda, em traduções feitas com o apoio da Nederlands Letterenfonds.

São eles "Joe Speedboat", de Tommy Wieringa, 47, "Está Tudo Tranquilo Lá em Cima" e "Dez Gansos Brancos", de Gerbrand Bakker, 52, e o mais celebrado deles, "Tirza", de Arnon Grunberg, 43.

Divulgação
Ilustração de Walther Moreira Santos para exposição
Ilustração de Walther Moreira Santos para exposição

CONTOS ILUSTRADOS

O pernambucano Sidney Rocha e os baianos Mayrant Gallo e Kátia Borges estão entre os autores do 5º Festival Nacional do Conto, em Florianópolis, de 20 a 24/5. A feira, criada por Carlos Henrique Schroeder e autorizada a captar R$ 118 mil via Rouanet, celebrará o Nordeste.

Haverá oficina com Altair Martins e duas mostras que circularão por Santa Catarina: uma sobre o conto e outra sobre o baiano Hélio Pólvora, 86, homenageado desta edição, ambas ilustradas por Walther Moreira Santos.

TEM QUEM QUEIRA

A Flip 2014 não se dobrou à campanha para homenagear Lima Barreto, mas o autor não terminará o ano esquecido. Será o centro da primeira Flipobre, que reunirá "escritores sem grana para pagar estadia em Paraty ou passagem de avião pela Gol em 12 vezes sem juros", como define o o amazonense Diego Moraes, autor de "A Solidão É um Deus Bêbado Dando Ré num Trator" (Bartlebee).

Moraes criou a Flipobre porque estava "cansado de ver postagens carregadas de mágoas a cada nova lista de escritores da Flip". O evento será todo virtual, com transmissão ao vivo no YouTube no dia 7, e tem mais de 20 confirmados, como Carlos Henrique Schroeder e Antonio Marcos Pereira. Lima foi escolhido por ser um escritor "fodidamente pobre que nos deixou uma bela literatura".

Tem quem queira 2 Autores que ainda não tiveram sua chance podem vir a participar da próxima Balada Literária, de 18 a 22 de novembro de 2015. Esse será um benefícios do 1º Prêmio Donizete Galvão de Poesia, só para poetas inéditos, que abrirá inscrições em 2015. O vencedor, além de participar do evento, terá o livro publicado pela Editora Dobra.

Tem quem queira 3 O site Antessala das Letras resolveu explicitar o apadrinhamento que ajuda desconhecidos a chamar a atenção de editoras. A cada quinta, publicará um texto de um autor estreante indicado por um veterano. Na estreia, foram quatro de uma vez, incluindo Jeferson Tenório (indicado por Paulo Scott) e Diter Stein (por José Castello).

Tem quem queira 4 Nas próximas semanas, entram textos de Juliana Amato, indicada por Reinaldo Moraes, e Edison Veoca, por Paulo Lins, entre outros. O escritor Felipe Franco Munhoz, que criou o site com apoio da Oscip Instituto Peabirus, pensa em editar um livro com os textos publicados.

Reincidente Desde agosto de 2013 em processo de recuperação judicial, para tentar renegociar dívida de R$ 77,8 milhões com quase 900 empresas e pessoas físicas, a rede Laselva recebeu um voto de confiança de editoras –com credoras entre elas–, que continuaram fornecendo livros. Mas, há cerca de cinco meses, voltou a atrasar pagamentos. Procurada, a rede não se manifestou até a conclusão desta edição.


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