Conversei com uma garota que eu conheço que tem 10 anos. Ela estava muito entusiasmada para contar a experiência que teve nestas férias: pela primeira vez na vida, ela dormiu fora de casa e viajou sem os pais. Foi para um acampamento.
Eu sei –e ela sabe também– que muitas crianças, até bem mais novas, já fazem isso. Mas os pais acharam melhor esperar que ela crescesse um pouco para viver uma aventura longe deles. Ela nunca tinha dormido nem na casa das amigas, só na das tias e da avó. No início, ela não gostou muito da decisão que eles tomaram, mas depois aceitou.
A menina disse que no primeiro dia foi uma delícia, que adorou tudo o que ela e os colegas fizeram: desde a viagem até a chegada e a recepção com todas as explicações. Eles passaram o dia se divertindo, almoçaram, lancharam e jantaram e, depois de mais brincadeiras, chegou a hora de ir dormir.
Aí o coração ficou apertado e ela ficou um pouco agoniada. Sabe aquela sensação de tristeza, de ansiedade e de medo? Parecia que o coração estava batendo mais rápido e mais forte, ela até conseguia escutá-lo.
Isso sem falar na vontade de chorar, que ela segurou até o fim: não deixou cair uma lágrima.
Naquela noite ela mal conseguiu dormir. Mas o dia seguinte foi tão legal que foi mais fácil fechar os olhos e segurar o choro, que ainda insistia em aparecer.
Conforme o tempo passava, ela contou, ficava mais tranquilo encarar a noite sem os pais, sem a própria cama. Mas, no último dia, tudo o que ela queria era voltar para casa e ficar perto da família.
Quando eu perguntei se ela gostaria de retornar ao acampamento nas próximas férias, ela pensou, pensou, e depois respondeu que não sabia, mas achava que não. "Acho que quando eu for um pouco maior vou querer."
Se você for convidado para viajar com seus amigos ou passar a noite na casa deles, mas acha difícil, diga que não quer ir. Tudo bem sentir essa insegurança, afinal você ainda é uma criança, está bem?
| Alexandre Beck | ||
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