Folha de S. Paulo


Ter 13 pontos de distância para o líder do Brasileiro é símbolo de fracasso

Vinnicius Silva/Raw Image/Folhapress
Thiago Neves, do Cruzeiro, comemora seu gol - Partida contra o Palmeiras
Thiago Neves, do Cruzeiro, comemora seu gol - Partida contra o Palmeiras

A reclamação de Cuca com Mayke no lance do primeiro gol do Cruzeiro não foi por ter largado a marcação de Thiago Neves. O autor do gol não era responsabilidade do lateral direito.

Era porque com Cuca, o homem segue o homem. E Mayke deveria acompanhar Alisson, o ponta esquerda contra o lateral direito.

Alisson deu o passe. Só aconteceu porque Mayke largou seu homem e acompanhou o lateral esquerdo Diogo Barbosa, que fez a ultrapassagem em direção à linha de fundo. Logo depois do erro, Cuca fez o sinal com o indicador da mão direita contra o da mão esquerda, como quem afirmava que o lateral tinha de perseguir individualmente.

Castigado por este e por outros lances, Mayke foi substituído no
intervalo.

Em outros sistemas, com Eduardo Baptista, por exemplo, o lateral inverteria a marcação quando Diogo Barbosa fizesse a ultrapassagem. Só que, com Cuca, a marcação é pessoal. Mayke não entendeu.

Cuca não culpou Fernando Prass. E, na alteração do intervalo, o culpado foi Mayke.

Do sistema defensivo, nem Mayke, nem Luan e nem Bruno Henrique faziam parte do time campeão brasileiro. O grande pecado do Palmeiras de 2017 foi deixar Cuca ir embora em dezembro, porque uma parte da diretoria julgava que a conquista não havia acontecido por causa do técnico, mas apesar dele.

O título do ano passado foi por causa de Cuca. O Palmeiras ainda não tem um projeto. A ideia de um time vencedor pelos próximos dez anos passa pelo dinheiro da Crefisa e pela capacidade de contratar de Alexandre Mattos.

Contratar quem? Por quê? As respostas do Palmeiras neste ano passaram apenas pela repercussão.

E por que não anda agora, com Cuca? Porque metade da equipe não teve uma semana de treinos para se adaptar ao seu jeito de jogar, com perseguição individual. Cuca teve trabalhos em que seu estilo só apareceu depois de longos períodos, como no Botafogo, que assumiu em 2006 e só foi brilhante em 2007.

Até a falência da Loteria Esportiva, com a brilhante matéria do repórter Sérgio Martins, da revista "Placar", em 1982, treze pontos eram símbolo de sorte. O Dudu da Loteca acertou os treze resultados e ficou milionário. O boiadeiro Miron, de Goiânia, também. O primeiro foi à falência, o segundo seguiu rico pelo resto da vida.

Ter 13 pontos de distância para o líder do Brasileiro é símbolo de fracasso, na história dos pontos corridos. Quem deixou a distância para o líder chegar a este patamar, jamais conseguiu a recuperação. O índice mais baixo foi do Flamengo, 2009, doze pontos atrás do primeiro colocado na 23ª rodada.

A três dias do clássico, o Corinthians abriu treze pontos para o Palmeiras. Se a história valer, é o equivalente a dizer que o Palmeiras não será bicampeão brasileiro. A chance de mudar isso é o clássico de quarta-feira (12). Vencer e diminuir a distância para dez pontos, na 13ª rodada. Se o Flamengo de 2009 reagiu doze pontos atrás, a partir da 23ª rodada, é possível mudar a história.

O Corinthians tem a ideia, o jeito de jogar. Carille jamais chamará a atenção de seu lateral por não ter feito perseguição individual. O lateral sabe que no Corinthians a marcação é sempre por zona.

Editoria de Arte/Folhapress

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O FLAMENGO
A tabela ajuda o Corinthians, porque o Flamengo jogará contra Grêmio e Palmeiras nas próximas três rodadas. Mesmo assim, a base rubro-negra parece a única capaz de brigar contra o Corinthians pelo título. O clássico com o Flamengo acontecerá no dia 30 de julho.

O AJUSTE
Cuca deu certo em médio prazo em muitos clubes. O Palmeiras do ano passado foi exceção. No Botafogo e no Atlético-MG, o resultado foi no ano seguinte. Se o projeto do Palmeiras for este, tudo bem. A questão é que se julgou até agora que o projeto era o dinheiro. E não é.


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