Folha de S. Paulo


Polêmica em torneios mata-mata, regra do gol fora de casa faz 50 anos

Dolores Ochoa/Associated Press
Willian, do Palmeiras (dir.), disputa bola com o jogador Jose Ayovi, do Barcelona SC, em jogo das oitavas de final da Libertadores 2017
Willian, do Palmeiras (dir.), disputa bola com Jose Ayovi, do Barcelona SC, na Libertadores 2017

Está completando 50 anos a regra mais polêmica da Libertadores e dos torneios mata-mata ao redor do mundo: o gol fora de casa.

A regrinha que beneficiará o Santos contra o Atlético-PR e dificultará a classificação do Palmeiras contra o Barcelona de Guayaquil. Os equatorianos marcaram em todas as suas viagens nesta edição da Libertadores.

O sistema do gol fora de casa foi aplicado pela primeira vez, como teste, na Copa da Uefa de 1966, no confronto vencido pelo Dukla Praga contra o Honved, da Hungria.

O Dukla classificou-se por vencer na Tchecoslováquia por 2 a 1, depois de perder em Budapeste por 2 a 3. Passou a ser aplicado definitivamente pela Uefa na Liga dos Campeões da temporada 1967/68. Meio século atrás.
Serve para diminuir a quantidade de disputas por pênaltis.

Até hoje, há quem se confunda com a regrinha, porque durante décadas narradores e comentaristas disseram que o gol fora valia por dois. Não é assim. É apenas o segundo critério de desempate. Se dois times terminam o mata-mata empatados em pontos e em saldo de gols, aplica-se a regra.

Deu confusão grave, quando o árbitro holandês Laurens van Raaven não percebeu que os gols fora de casa valiam como critério de desempate também na prorrogação. Na Recopa da Europa de 1971/72, o Sporting venceu o Rangers, da Escócia, por 4 a 3 em Lisboa, depois de ter perdido em Glasgow por 3 a 2.

O empate por 1 a 1 na prorrogação fez van Raaven levar a partida para os pênaltis. O Sporting venceu. No dia seguinte, a Uefa revogou a decisão por razão óbvia. O Rangers marcou três gols no campo do Sporting, que fez apenas dois como visitante.

A Libertadores adotou o critério em 2005. De lá para cá, foram 255 mata-matas e 24 decididos pelo gol fora –9%.

Nestes 12 anos, já se ouviu um confuso Abel Braga declarar que, em casa, é melhor empatar por 0 x 0 do que vencer por 2 x 1, antes de um confronto contra o Olimpia, pelas quartas de final de 2013.

Incrivelmente, os paraguaios classificaram-se com um empate por 0 x 0 no Rio de Janeiro, o resultado preferido de Abel. Depois, ganharam por 2 x 1 em Assunção.

A situação atual do Palmeiras não é desesperadora. O retrospecto indica duas viradas de clubes que sofreram 1 x 0 como visitantes, nesta edição da Libertadores.

O Olimpia ganhou do Independiente del Valle por 3 a 1, na primeira fase, e virou o 0 a 1. O Tucumán ganhou pelo mesmo marcador do Junior de Barranquilla e também avançou.

Mas os palmeirenses se lembram de terem sido eliminados pelo gol marcado como visitante, nas quartas de final de 2009. Empataram por 0 a 0 com o Nacional, em Montevidéu, por 1 a 1 no antigo Parque Antarctica.

Confortável é a situação do Santos. Na história da Libertadores, jamais um time venceu por 3 a 2 na casa do adversário, num mata-mata, e perdeu a vaga no jogo de volta.

Como o Barcelona de Guayaquil faz gol em todas as suas viagens, um duelo de quartas de final da Libertadores 2017 com clássico Santos x Palmeiras dependerá de Dudu, Borja, Willian e Guerra.

Na partida de agosto, no Allianz Parque, o ataque do Palmeiras precisa decidir.


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