Folha de S. Paulo


Conmebol precisa melhorar e Brasil tem de admitir razão de suas derrotas

Diego Padgurschi/Folhapress
Reinaldo abre o placar para a Chapecoense na partida contra o Atlético Nacional, em Chapecó (SC), pela Recopa Sul-Americana
Se for punida pela Conmebol, Chapecoense pode ser eliminada da Libertadores por escalação irregular

Os tropeços brasileiros na Libertadores têm uma razão única: a qualidade dos adversários. São 44 jogos de clubes do Brasil na fase de grupos e onze derrotas, uma a cada quatro disputas. A Argentina perdeu menos. Trinta partidas, dez perdidas. Proporcionalmente, eles estão pior —uma queda a cada três.

A razão é óbvia, mas exige mais uma vez a duríssima reflexão de que colombianos, equatorianos e chilenos melhoraram. Só restam dois times invictos: Santos e River Plate. A Libertadores é difícil mesmo. Todos perdem. Só houve sete campeões invictos, contra 13 na Liga dos Campeões.

O outro lado da história é a organização do torneio, que precisa melhorar e ser mais transparente. A Chapecoense venceu o Lanús, campeão argentino, na casa dele. O diretor de futebol, Rui Costa, deixou Buenos Aires reclamando que a Conmebol "faz coisas que nem os tribunais nazistas faziam."

As queixas têm a ver com a informação, na chegada a Medellín para a final da Recopa, noite de segunda-feira, de que os jogadores deveriam estar todos prontos para exames antidoping às 8h da manhã seguinte. Não é praxe.

Também pelo aviso de que a suspensão do zagueiro Luiz Otávio deveria ser cumprida em Medellín. Os desencontros de informação devem causar a eliminação da Chape no tribunal.

O caso da equipe catarinense junta-se ao do Palmeiras. Felipe Melo pegou seis jogos de suspensão, contra cinco dos atletas do Peñarol envolvidos na briga. O soco com que Melo tentou atingir o uruguaio Mier foi flagrado pelas câmeras.

Mas isto não exclui a percepção que o continente inteiro teve de que o Palmeiras ficou acuado em Montevidéu.

O relatório da Conmebol diz que o portão foi fechado, por causa da invasão de quatro seguranças do Palmeiras. Mesmo assim, as punições a Palmeiras e Peñarol parecem desiguais.

Há anos, pedimos no Brasil tribunal de penas que acabe com as aparições de advogados na reta de chegada do Brasileiro.

Hoje, reclama-se das decisões a portas fechadas da Conmebol.

O Brasil possui representantes na Confederação Sul-Americana. Wilson Seneme é o presidente da comissão de arbitragem, Caio César Rocha é membro do tribunal e as decisões passam pelo crivo do Brasil.

Mesmo que se possa dizer que a força política da CBF, pela ausência do presidente nas reuniões em Assunção, faz diferença, há representantes lá.

A ideia dos dirigentes do Brasil é diferente: "Vão tomar um café e nos tirar da competição", disse Rui Costa, da Chapecoense, no retorno ao Brasil, quinta-feira.

Há a soma de dois fatores. As decisões da Conmebol precisam ser mais claras e explícitas. De outro lado, os times do Brasil vivem há cinquenta anos contando lendas. Por décadas, repetimos que o Santos não venceu mais vezes o torneio na década de 1960 porque não o disputou. Mentira. Em 1964 e 1965, foi eliminado nas semifinais por Independiente e Peñarol.

Só em 1966, 1969 e 1970 o país decidiu não enviar representantes para a Libertadores. Tem muita coisa para melhorar na Conmebol. Mas também há muito para o Brasil admitir sobre as razões de suas derrotas na


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