Folha de S. Paulo


Estadual revela que, se trabalhar um pouquinho, o torcedor vai ao estádio

O Corinthians receberá 44 mil torcedores para a final de hoje (7), contra a Ponte Preta, e isto elevará a média de público do Campeonato Paulista a 10,9 mil pagantes por partida. É 45% a mais do que no ano passado e o melhor índice em dezesseis anos.

Desde que Eduardo José Farah fazia parcerias com a Vale Refeição e não divulgava todos os públicos, antes de o estatuto do torcedor exigir esta providência. O número da época, 2001, não era confiável. O recorde real do velho Paulistão é de 15 mil por partida, em 1978.

O estadual não tem o público da Bundesliga nem da Premier League, lógico que não. Campeonato de maior público no planeta, o alemão trabalhou para levar gente aos campos e aumentou 204% a afluência nos últimos 25 anos.

No Brasil, é a primeira vez, em décadas, que se vê um trabalho para atrair torcedores. A média do Paulista subiu por causa dos grandes clubes, não dos jogos de pequenos contra pequenos.

Indício também de que é possível atrair gente interessada nos jogos dos maiores times, sejam pelo Brasileirão, pela Libertadores ou pelo Estadual.

Corinthians e Palmeiras ajudam muito com seus planos de sócios que fidelizam torcedores. O São Paulo beneficiou o campeonato com a motivação de sua torcida para a estreia de Rogério Ceni no Morumbi, contra a Ponte, e de Lucas Pratto, contra o Mirassol.

Dos dez maiores públicos do Brasil neste ano, os três principais são do Flamengo, na Libertadores. Os sete seguintes reúnem cinco do Paulista, um do Gaúcho e um da Copa do Brasil. Corinthians x Internacional, pelo torneio nacional, não entra nesta lista.

É justo afirmar que há um trabalho para melhorar a percepção do Estadual de São Paulo. Mas não é só isso.

Há décadas repetimos lendas e teses não confirmadas. O torcedor não gosta dos jogos às 21h45? As três arquibancadas mais cheias do Brasil neste ano foram no Maracanã, às 21h45.

Antigamente, a torcida sempre lotava o estádio? O Flamengo tem nesta Libertadores público médio maior do que na campanha do título de 1981.

O torcedor se interessa pelas partidas do Brasileiro e não liga para o Estadual, porque este não vale nada? O São Paulo levou mais gente contra o Mirassol do que contra o Cruzeiro pela Copa do Brasil.

Dos cinco maiores públicos do Brasil no ano passado, só um foi pelo Brasileiro da Série A. Nenhum dos Estaduais. O recorde foi Fortaleza x Juventude, da Série C.

Um jogo da Série B, entre Ceará x Vasco, dois da Libertadores, só São Paulo x Chapecoense da Série A, quinto lugar na lista das grandes presenças de torcedores.

Público é só um índice, mas ajuda a medir o interesse das pessoas no futebol. Se o estádio de Itaquera lota sempre, e tem a melhor média do país, mais razão haverá para procurar parceiros para a marca Corinthians.

O crescimento de 45% no público do Estadual de São Paulo indica que é possível melhorar. Não somente no Estadual. Em tudo.

O Brasileiro do ano passado levou 15 mil pessoas por jogo aos estádios. O Paulista leva 11 mil. Nenhum dos dois números é suficiente, mas o do Estadual revela que, se trabalhar um pouquinho, só um tostãozinho... O torcedor vai.


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