Folha de S. Paulo


Palmeiras, Flamengo e Cruzeiro não têm titulares formados em casa

O Santos gasta R$ 12 milhões por ano nas suas divisões de base e tem três titulares formados em casa. Lucas Veríssimo, Zeca e Thiago Maia nasceram no processo de formação de craques do CT Rei Pelé. Também há Vítor Bueno, contratado por empréstimo quando era sub-23. Virou titular.

Por R$ 10 milhões, o Palmeiras comprou 60% do contrato do zagueiro Luan, do Vasco.

Reprodução/Twitter/@SEPalmeiras
Luan é o novo reforço do Palmeiras
Luan é o novo reforço do Palmeiras

Há maneiras diferentes de montar times fortes. Quem tem dinheiro compra, quem não tem, forma.

O São Paulo calcula gastar mais do que o Santos com seu trabalho de formação: R$ 20 milhões por ano. A venda de David Neres para o Ajax por R$ 38 milhões paga um ano e meio dessa conta.

Nas finais dos estaduais e início dos torneios continentais, as duas filosofias colocam-se frente a frente. Dos doze maiores clubes do país, só Palmeiras, Flamengo e Cruzeiro não têm titulares formados em casa.

O recorde atual é do Corinthians. Dos onze prováveis escalados hoje, contra o Botafogo, quatro nasceram no Parque São Jorge -Fágner, Arana, Maycon e Jô. Dois deles foram embora e retornaram, mas um terço do elenco profissional cresceu no Tatuapé.

Com quatro formados em casa, o time de Fábio Carille sofreu no primeiro tempo contra a Universidad de Chile, quarta-feira, mas jogou bem no segundo e venceu de maneira convincente.

Tem uma das defesas mais seguras do país. Dos times da Série A, só o Bahia tem média de gols sofridos menor. O Corinthians não brilha, mas é competitivo. Seu problema é quando o adversário o obriga a ter a posse de bola, como fará o Botafogo hoje à tarde.

Com R$ 100 milhões de dívida de curto prazo e um estádio-problema, o que salva é descobrir jogadores. Às vezes, dá mais certo que contratar a peso de ouro. Depende da sorte.

O São Paulo iniciou o ano de 1985 dizendo que não tinha dinheiro e o único jeito seria revelar talentos. Naquele janeiro, o Corinthians contratou Serginho e De León, juntou-os a Casagrande, Zenon, Arturzinho e Dunga.
A equipe ficou conhecida como SeleTimão -a seleção corintiana. Foi um fiasco.

Na história, ficou o time dos Menudos do Morumbi, campeões paulistas daquele ano e brasileiros em 1986.

A geração de galácticos do Real Madrid conquistou três Ligas dos Campeões, em 1998, 2000 e 2002.

Na segunda metade da década de 2000, seguiu contratando, mas assistiu ao reinado do Barcelona, com oito canteranos titulares na conquista de Wembley, em 2011.

O Flamengo gastou R$ 11 milhões para contratar Berrio e a Taça Guanabara foi vencida pelo Fluminense, que gasta R$ 20 milhões na estrutura da base.

Não há receita pronta.

Mas sabe-se que, no Brasil, um dia o dinheiro vai acabar. O Palmeiras é o mais comprador de hoje. Fala em pagar dívidas e investir na estrutura das divisões de base. Um dia a Crefisa vai embora. É preciso ter tudo pronto para revelar jogadores, quando não for possível comprar no ritmo atual. Maurício Galiotte garante que fará isto, para não repetir o que se passou ao final da era Parmalat, em 2000.

O Palmeiras é o time mais caro e candidato a todos os títulos. Os rivais montam times de maneira mais silenciosa. É trabalhoso. Mas pode dar certo.


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