Folha de S. Paulo


É falsa a ideia que há funções que desapareceram do futebol

Celio Messias/Folhapress
Jô, do Corinthians, tenta passar por defensor do Botafogo-SP no empate sem gols entre as equipes, pelas quartas do Paulista, em Ribeirão
Jô tenta lance no empate em 0 a 0 com o Botafogo-SP no sábado (1º)

No final da década de 1970, quando os pontas começavam a desaparecer e as camisas 7 e 11 passaram a ser usadas por meio-campistas, uma expressão surgiu para designar uma nova posição: falso ponta. Era como se jogadores como Jorginho, do Palmeiras, Biro-Biro, do Corinthians, e Viana, do São Paulo, jogassem disfarçados com suas camisetas de ponteiros, mas em funções de armação.

Como os números perderam a referência das posições, desapareceu a expressão do ponta falso. A função, não.

No sábado à tarde, Maycon jogou aberto pelo lado esquerdo do campo. Terceiro homem de meio-de-campo de origem, apontado por gente da comissão técnica corintiana como um dublê de Elias, hoje no Atlético-MG, Maycon jogou como ponta-esquerda no sistema 4-1-4-1.

Sua presença protegia as subidas de Arana, lateral que evolui rodada após rodada.

Foi o que se extraiu do pobre espetáculo entre Botafogo-SP e Corinthians no sábado (1º). Um falso jogo.

Também foi fraco o desempenho do São Paulo na vitória sobre o Linense no domingo (2) à tarde. Rogério Ceni ao menos viu sua equipe completar a segunda partida sem sofrer gol, depois de quebrar a sequência de treze jogos consecutivos sendo vazado.

O São Paulo ganha variação tática. No clássico contra o Corinthians, Rogério escalou Wellington Nem pela faixa central do campo, com Thiago Mendes como ponta -ou falso ponta- pela direita. Talvez para proteger Araruna, que atuava improvisado como lateral.

A impressão do início da partida contra o Linense era de que isto se repetiria. Aos poucos, Wellington Nem ocupou a faixa direita do campo e foi ponta de verdade. Deslocava-se para o meio e invertia posição com Thiago Mendes, mas eventualmente.

O sistema ficou 4-1-4-1, com Thiago e Cícero passando mais tempo como meias, um pouco à frente de Jucilei.

Entender por que o São Paulo conseguiu vencer a saga de sofrer pelo menos um gol por rodada é relativamente simples. Basta olhar os adversários. Por mais que o sistema tático evolua e que os retornos dos zagueiros titulares, Maicon e Rodrigo Caio, reforcem a defesa, os dois jogos sem buscar a bola no fundo da rede têm mais a ver com ter enfrentado São Bernardo e Linense.

O primeiro, rebaixado. O segundo, dono da pior defesa do Campeonato Paulista. Claro que tem também a presença de Renan Ribeiro, mais seguro em comparação com Dênis e Sidão. Mas a certeza de que há evolução no sistema defensivo só chegará contra adversários mais fortes.

Assim como fazer 3 x 1 no Linense, na quarta-feira, em Itaquera, não deu segurança para dizer que o Corinthians finalmente encanta no ataque. Ao contrário. O Corinthians tem a pior média de gols em 2017 na comparação com todos os times que disputarão a Série A do Brasileiro a partir de maio.

O desempenho dos grandes clubes na primeira rodada das quartas de final reforça a tradição de times do interior intrusos nas semifinais.

Claro que todos os que perderam pontos na partida de ida podem reverter na semana que vem. E especialmente o São Paulo, com o gol de Pratto no finzinho da partida de ontem, tem praticamente garantida a classificação. Com o benefício de jogar duas vezes no estádio do Morumbi.

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URUGUAIO

Neymar jogou grande primeiro tempo contra o Granada, caiu no segundo, mas fechou sua atuação marcando seu centésimo gol pelo Barcelona. Não foi o melhor em campo neste domingo. Prêmio para Luis Suárez, autor de um gol e de um passe para outro.

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CAMISA 9

Fala-se em Fred e procura-se um centroavante num país que não revela mais camisas nove. Pottker é uma opção. Não para seleção. Mas o fato é que aos poucos ele deixa de ser atacante pelo lado do gramado para se tornar centroavante. Faz gols. Falta participar mais do jogo tático.


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