Folha de S. Paulo


A era Dudu melhorou o Palmeiras

AP Photo/Nelson Antoine
Dudu, of Brazil's Palmeiras, left, fights for the ball with Fernando Saucedo, of Bolivia's Jorge Wilstermann, during a Copa Libertadores soccer match in Sao Paulo, Brazil, Wednesday, March 15, 2017. (AP Photo/Nelson Antoine) ORG XMIT: XNA101
Dudu disputa a bola em partida contra o Bolívia pela Libertadores

Dudu chegou ao Palmeiras em janeiro de 2015 e desde então jogou quatro vezes na Vila Belmiro. Perdeu todas. No único empate desde sua chegada, na semifinal do Campeonato Paulista do ano passado, o atacante não pôde jogar por lesão.

Há cinco anos, o Santos não perde do Palmeiras em sua casa, jejum de onze partidas com nove vitórias e dois empates. Para os palmeirenses, é um dos últimos resquícios de uma época sem esperança, sem troféus.

Muita gente atribui o sucesso recente do Palmeiras ao dinheiro da Crefisa, mas o nome da empresa já estava estampado no uniforme em 2014, ano em que só a última rodada salvou do rebaixamento. Não é possível falar em uma época atrelada à Crefisa, como se dizia sobre a "era Parmalat".

Mas existe um ponto comum a todos os capítulos da reconstrução palmeirense: Dudu.

Sua chegada, há dois anos, ficou famosa pelo chapéu dado em Corinthians e São Paulo, que brigavam publicamente pela contratação do atacante. O Palmeiras atravessou o negócio numa tentativa de mostrar que estava de volta ao mercado dos grandes e de recuperar a autoestima da torcida.

Demorou um tempo até se firmar. Houve a suspensão pelo empurrão no árbitro Guilherme Cereta de Lima na decisão do Paulista de 2015.

Depois disso, a vida melhorou.

Dudu fez os dois gols da vitória na final da Copa do Brasil contra o Santos, em 2015, e foi o melhor jogador do Brasileirão de 2016. Quando Gabriel Jesus diminuiu o número de gols, no segundo turno, Dudu compensou com o recorde de assistências do campeonato. Foram dez.

Foi o jogador fundamental de dois torneios que o Palmeiras não começou como favorito, e venceu. Hoje, ele disputa com Diego, do Flamengo, o posto de melhor jogador em atividade no Brasil.

Neste início de ano, o Palmeiras de Eduardo Baptista disputou dez jogos e marcou 19 gols. Dudu fez dois e é um dos goleadores da equipe. Também é o líder de assistências outra vez, com seis.

Significa que 42% do ataque passa por seu pé. "Meu sonho é conquistar mais títulos pelo Palmeiras e marcar meu nome na história do clube", diz. "Se continuar trabalhando bem, também posso ter a oportunidade de disputar a Copa do Mundo pela seleção."

Dudu já jogou na Europa, pelo Dínamo de Kiev, e voltou de lá aos 23 anos. Num tempo em que os jogadores nascem pensando em transferências para o exterior, o atacante do Palmeiras pode pensar na consagração aqui dentro.

Neste ano, só Dudu e Fernando Prass começaram todas as dez partidas oficiais. Nas campanhas de títulos da Copa do Brasil de 2015 e do Brasileiro de 2016, só Dudu e Vitor Hugo foram titulares sempre.

Os técnicos mudaram três vezes em dois anos. De Oswaldo de Oliveira para Marcelo Oliveira, para Cuca e agora Eduardo Baptista. O presidente era Paulo Nobre e agora é Maurício Galiotte.

É tudo diferente do passado. A era Parmalat teve Edmundo e Evair no bi brasileiro, mas era totalmente diferente na Libertadores de 1999. Entre as duas academias, de 1965 e 1972/73, havia somente uma dupla em comum: Dudu e Ademir da Guia.

Se a época de títulos do Palmeiras continuar, Dudu pode virar um símbolo.


Endereço da página:

Links no texto: