Folha de S. Paulo


Audax apresentou a maior novidade na abertura do Paulista

O Audax venceu o São Paulo ontem, em Barueri, jogando com um desenho tático igual ao do Chelsea, líder do Campeonato Inglês, nove pontos acima do segundo colocado. Mas a proposta de jogo é diferente. Como na campanha do vice-campeonato paulista, ano passado, Fernando Diniz aposta na posse de bola. Quando a tem, sai para jogar num 3-4-3 e muito cuidado na saída de bola. Pedro Carmona, um meia, foi zagueiro para ajudar no primeiro passe.

Quando precisa se defender, os dois alas recuam e formam uma linha de cinco defensores. Os dois pontas também. Forma-se um 5-4-1. Essa mola, que recua e avança, idêntica à do Chelsea, funciona para aumentar o espaço coberto pela defesa à frente da grande área e para obrigar a defesa rival a se espalhar para marcar.

Se souber fazer, funciona. Fernando Diniz sabe. Se não souber, o risco é encher a defesa de zagueiros e o meio-de-campo de volantes.

Formar um ferrolho atrás e não saber como tratar a bola ao chegar ao ataque.

Na primeira rodada do Campeonato Paulista, o Audax foi a maior novidade. A outra foi o Santos.

Dorival Júnior fala em fazer um sistema exatamente igual ao que o Audax apresentou ontem.

Não fez isso contra o Linense, sexta-feira à noite. "Foi um 4-2-3-1", confirmou Dorival Júnior. Só que a saída de bola tem sempre um terceiro homem, muitas vezes com a liberação dos dois laterais simultaneamente.
"Não vou abrir mão disso, porque dificulta muito a marcação do adversário", pensa Dorival.

Faz todo o sentido. Ele não recua cinco homens, não se preocupa em aumentar a área de proteção à sua área defensiva. Até porque ter cinco em linha na zaga aumenta o tempo de deslocamento para chegar ao ataque. O contra golpe demora mais.

Ao fazer a bola sair de trás com três homens, muitas vezes Renato junto aos beques, o Santos obriga o adversário a colocar mais gente para defender. Mais chance de abrir o cadeado rival, se houver jogadores de talento -o Santos tem- e capacidade para confundir os zagueiros com a troca de passes.

Editoria de Arte/Folhapress

"Dorival é o Guardiola do Brasil", diz Thiago Maia, sobre o desejo do técnico santista de preservar a bola a todo custo.

Contra o Linense, o Santos trocou 565 passes contra 132, teve 67% de posse de bola, finalizou 17 vezes, sendo 11 no alvo.

No Brasil, é raro o campeão ser o time de mais posse de bola. O número de finalizações é o indício de que a equipe vai bem. Não é uma certeza, mas tendência. Mas ter o controle é bom sinal, quando se analisa um time que tem isso como filosofia, para abrir a defesa rival. São os casos de Santos e Audax.

O time de Fernando Diniz teve 93% de acerto nos passes, mas menos tempo com a bola no pé do que o Santos, certamente porque o São Paulo foi adversário mais difícil do que o Linense.

Rogério montou sua equipe com quatro zagueiros em linha, Rodrigo Caio como volante e três atacantes. Melhorou quando Wellington Nem saiu machucado e Cueva passou a formar a linha ofensiva, com Chávez e Luís Araújo. A estreia oficial foi ruim, mas é necessário entender as razões.

O elenco do São Paulo tem problemas. Pode virar um bom time a médio prazo. Mas isso vai dar trabalho.

AGUERRIDO

Felipe Melo destacou o time aguerrido do Palmeiras. É quase um eufemismo. Muita gente espera o campeão brasileiro avassalador e não vai ser. O estilo será de troca de passes e há dificuldade para entrar na área. Entrou com chute de meia distância de Tchê Tchê.

MENINO JESUS

A chegada de Gabriel Jesus à Inglaterra, colocando Aguero no banco, não é sinal de que tudo sairá bem o tempo todo. Mas é bom indício de que há vida no futebol brasileiro. Diferente do que muita gente acha, quem se destaca aqui pode ter destaque na Europa rápido.


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