Folha de S. Paulo


Missão da categoria de base é revelar talentos, não precisa dar títulos

O Corinthians começou esta semana comemorando seu décimo título da Copa São Paulo. Soberano nos últimos dez anos, quatro troféus contra dois de Flamengo e Santos, o Corinthians teve três titulares do clássico contra o São Paulo, pela Florida Cup, revelados nas divisões de base: Fágner, Pedro Henrique e Moisés.

Dos três, só Pedro Henrique foi campeão da Copinha. Há 22 anos, os corintianos comemoravam o título da Copa São Paulo como sinal de um ano promissor. Em 1995, o troféu do dia 25 de janeiro precedeu o fim do jejum de sete anos sem o Paulista e a primeira conquista da Copa do Brasil.

Ah, sim, também teve o primeiro Carnaval da Gaviões da Fiel. A fórmula estava pronta: Copinha + Carnaval = Título importante.

Em 1999, o atual coordenador de seleções da CBF, Edu Gaspar, marcou o gol da Copa São Paulo, a Gaviões ganhou o Carnaval pela segunda vez e o Corinthians foi campeão paulista e brasileiro.

Rubens Cavallari - 25.jan.2017/Folhapress
Jogador corintiano recebe a bola durante a final da Copa São Paulo
Jogador corintiano recebe a bola durante a final da Copa São Paulo

Mais do que o símbolo do sucesso no ano, a Copa São Paulo servia para revelar jogadores. O lateral-esquerdo Sylvinho cruzou a bola do gol do título da Copinha de 1995 e foi campeão paulista como titular, no mesmo ano. Edu jogou 19 dos 29 jogos da campanha do bicampeonato brasileiro de 1999.

A diferença dos últimos títulos da Copa São Paulo é o aproveitamento no time titular. Bruno Bertucci era esperança em 2009.

Não aconteceu nada.

O zagueiro Marquinhos foi revelado em 2012. Fez parte do grupo campeão mundial, mas jogou menos do que podia. De 2015, o zagueiro Pedro Henrique começa a se firmar como titular e o resultado é mais visível. Além dele, Arana, Marciel, Maycon e Léo Príncipe fazem parte do elenco e podem ganhar a posição.

Do time de 2017, campeão quarta-feira contra o Batatais, é provável que Mantuan e Carlinhos tenham chance. Pedrinho, o destaque da campanha, é muito hábil. Como eram Élton e Dinélson, pequeninos meias que jamais se firmaram nos profissionais do clube.

Pedrinho é o melhor. Pode se dar bem ou não.

Mas não é só obra do acaso. O Flamengo hoje em dia assume o pecado de acertar na formação e errar na transição. Se fizer tudo certo na criação e não cuidar dos detalhes na hora de levar o jogador para o sucesso, vai dar errado.

É incrível, mas o Corinthians teve mais resultado com jogadores da base no time de cima quando mais gastou para contratar.

Tévez e Nilmar foram campeões brasileiros de 2005 em companhia de Bruno Octávio e Rosinei, campeões da Copinha, Betão e Coelho, que jogaram o torneio. Nem a MSI de Kia Joorabchian resistiu ao bom trabalho das divisões de base.

Sucesso na revelação de jogadores não é só descobrir Neymar. Isso é a medalha de ouro. Também é aproveitar Bruno Octávio como titular numa campanha de título brasileiro. No caso do Santos, ter revelado Fellype Anderson, Alan Patrick, Zeca...

A esperança do Corinthians hoje é esta. Com as divisões de base próximas aos treinos do time principal, Fábio Carille pode contar com Léo Príncipe, Arana, Maycon, Marciel, Pedro Henrique. Talvez também com Mantuan, Carlinhos e Pedrinho, campeões na última quarta-feira.

A base não precisa comemorar títulos. Precisa festejar talentos.


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