Folha de S. Paulo


Corinthians aposta em fragilidade jurídica e econômica da Odebrecht

O Corinthians começou a semana com reunião entre o ex-presidente, Andrés Sanchez, e o atual, Roberto de Andrade. Andrés cobrou comando do departamento de futebol e propôs o retorno de notáveis, como Raul Corrêa ao cargo de diretor financeiro e Luiz Paulo Rosemberg ao comando do marketing.

Roberto de Andrade dispensou a ajuda.

Evidentemente a reunião teve intenção política, ou não haveria a informação antes mesmo do encontro. Andrés diz que não será candidato à presidência na próxima eleição, mas admite que, se seu grupo pedir, quem sabe... pode até acontecer.

Há duas visões sobre a proposta de Andrés Sanchez. A de seus inimigos indica que criticou Raul Corrêa e Luiz Paulo Rosemberg durante a gestão de Mario Gobbi. A visão dos amigos é outra: "O Andrés é assim. Quando a água chega ao pescoço do Corinthians, ele pensa no Corinthians." A frase é de Luiz Paulo Rosenberg.

Ernesto Rodrigues - 26.jun.2015/Folhapress
Vista aérea da Arena Corinthians
Vista aérea da Arena Corinthians

O segundo cabo de guerra da semana foi entre os departamentos de futebol e de marketing sobre Didier Drogba. Ter ou não ter.

Qualquer decisão causaria prejuízo, não pelo aspecto técnico, mas se houvesse ruptura. O consenso chegou na sexta-feira. Nas outras esferas, o Corinthians tem divisões. A ponto de Luiz Paulo Rosenberg ter dado mais entrevistas para falar sobre o Corinthians nesta semana do que o presidente e os diretores de futebol.

Rosenberg falou muito também sobre a situação do estádio de Itaquera, que deve ter o prazo de pagamento ampliado para vinte anos. Consequentemente, mais juros e o total de pagamento podendo alcançar até R$ 2 bilhões.

Rosenberg também tem outra proposta, mais radical. Quer o Corinthians comprometido com o pagamento dos R$ 400 milhões ao BNDES e que discuta toda a relação com a Odebrecht. Parece a defesa do calote, mas não é.

O que Rosenberg defende é a discussão do que a Odebrecht fez e do que não fez no estádio. Do que foi concluído e do que foi entregue pela metade.

O Corinthians tem obrigação de pagar os R$ 400 milhões emprestados pelo BNDES e vender os certificados da prefeitura que poderiam totalizar R$ 420 milhões, caso fossem negociados. Tudo o que ultrapassar isso pode ser discutido entre o clube e a empreiteira.

"Nós estamos vendo o noticiário. A construtora tem 77 delatores", diz Rosenberg.

Veja que não está em discussão o que o Corinthians deve de dinheiro público. Mas o que precisa pagar de ágio à empreiteira.

A leitura é que o Corinthians pode resolver a situação daqui a um ano, mas não haverá momento melhor do que agora para discutir o que a Odebrecht deixou de cumprir, com a fragilidade econômica e jurídica da construtora.

Só que, para pressioná-la, é preciso unidade.

Há uma saída neste momento: Fábio Carille montar um time competitivo com o elenco que existe.

"O futebol está equilibrado. O Corinthians disputou o primeiro lugar na última rodada do primeiro turno e precisa entender o que houve para cair tanto em 50 dias", diz Andrés Sanches.

Andrés faz política. Mas dada a fragilidade do momento, seu argumento sobre o governo dos notáveis parece justo.


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