Folha de S. Paulo


Minoria dos estrangeiros contratados por clubes brasileiros têm sucesso

Ricardo Mazalan/Associated Press
Alejandro Guerra of Colombia's Atletico Nacional, right, celebrates with teammate Marlos Moreno scoring his side's 2nd goal against Argentina's Rosario Central during a Copa Libertadores quarter final second leg soccer match in Medellin, Colombia, Thursday, May 19, 2016. (AP Photo/Ricardo Mazalan) ORG XMIT: XRM109
Alejandro Guerra, do Atlético Nacional, comemora gol durante a Libertadores

O Santos contratou o atacante colombiano Vladimir Hernández, do Junior de Barranquilla. O Palmeiras trouxe o venezuelano Alejandro Guerra, do Atlético Nacional. O São Paulo tenta o paraguaio Colmán e a invasão de jogadores da América do Sul ao Brasil aumenta todos os anos.

É uma faca de dois gumes. O mercado sul-americano tem preços atraentes e muito talento. A lista de estrangeiros em clubes brasileiros nos últimos cinco anos supera cem jogadores. Só que os melhores jogadores da Argentina, Colômbia, Uruguai, Chile e Paraguai continuam indo para a Europa. Não para o Brasil.

Em 2009, o Corinthians foi a Buenos Aires buscar um dos dois talentos do Huracán, vice-campeão argentino. Contratou Defederico. O outro craque era Javier Pastore, comprado pelo Palermo e até hoje no Paris Saint-Germain. Defederico disputou 40 partidas pelo Corinthians e fez 3 gols. Foi embora no ano seguinte.

Dos que chegam para a temporada 2017, Alejandro Guerra é a referência. Foi eleito melhor jogador da Libertadores de 2016. Mesmo que a eleição seja discutível —o colombiano Miguel Borja foi mais decisivo— Guerra é um marco. Desde 2004, quando Tévez trocou o Boca Juniors pelo Corinthians, nenhum clube brasileiro conseguia contratar o craque da Libertadores.

O eleito do Brasileiro nos últimos 27 anos também sempre permaneceu no clube em que se consagrou ou foi para o exterior. Foram os casos recentes de Gabriel Jesus, Renato Augusto, Éverton Ribeiro e Conca. Aconteceu em 1991 a última contratação de um Bola de Ouro do Brasileiro por um time nacional —eleito em dezembro de 1990 pela revista Placar, César Sampaio trocou o Santos pelo Palmeiras em junho.

Contratar Guerra é ótimo. Pode não dar certo.

Uma lista de 65 estrangeiros contratados pelos 12 maiores clubes do Brasil, de 2010 para cá, indica 35% de sucesso nas contratações. Nesta contabilidade estão Hernán Barcos, no Palmeiras e no Grêmio, Aránguiz, no Internacional, Guerrero, no Corinthians e Flamengo, Calleri no São Paulo.

Há outros contados como bem sucedidos, mesmo que por período curto. O lateral chileno Mena foi titular do São Paulo por uma temporada inteira. Armero, no Palmeiras, não fracassou. Esses dois casos estão na lista dos 35% de sucesso —você tem todo o direito de julgar fracassos.

Os 65% de erros têm Cañete, Pabón e Adrián González no São Paulo, Fucile, Patito Rodriguez e Miralles no Santos, Román, Mouche, Eguren e Victorino no Palmeiras, Escudero e Edgar Balbuena no Corinthians.

Não confunda com Fabián Balbuena, zagueiro paraguaio do elenco atual. Edgar Balbuena foi um lateral peruano que jogou no Corinthians em 2010, lembra?

Dos 17 títulos brasileiros na Libertadores, só cinco foram conquistados com estrangeiros titulares. Só seis jogadores contemplados: De León, Arce, Rivarola, Lugano, Guiñazú e D'Alessandro.

A legislação não indica limite no elenco, mas o máximo de cinco por partida. É muito. Melhor seria permitir três. Acertar com um gringo é ótimo. Pedro Rocha, Doval, Figueroa...

Se for para errar, melhor dar chance a um jovem brasileiro.

Luiz Pires/Divulgação/Vipcomm
O meia Cañete durante treino do São Paulo
O meia Cañete durante treino do São Paulo

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