Folha de S. Paulo


Como técnico, Zidane não é craque

O Real Madrid só venceu a decisão do Mundial de Clubes na prorrogação contra o Kashima Antlers, porque tem Cristianol Ronaldo e Toni Kroos. Tem muito mais talento. Mas nos dois jogos do Mundial, foi um time com espaços demais entre o meio-de-campo e a defesa, entre os armadores e os três atacantes.

O Kashima Antlers fez quatro jogos e foi organizado do início ao fim da campanha. Mostrou troca de passes curtos, duas linhas de quatro homens muito próximas que dificultavam tanto Macnelly Torres, do Atlético Nacional, quanto Toni Kroos, do Real Madrid, de acharem espaços de frente para os zagueiros.

Masatada Ishi é o técnico do Kashima. Foi funcionário e jogador da Sumitomo, a fábrica onde nasceu o clube de futebol. Era meio-campista e jogou com Zico no início dos anos 90. Há vinte dias, ganhou a J-League numa final vencida de virada contra o Urawa Red Diamonds. Encerrou uma fila de sete anos sem troféus do Kashima.

Zinedine Zidane, com a bola, foi um gênio capaz de fazer seus três gols mais importantes sem usar o pé direito, o bom. Contra o Brasil na final da Copa do Mundo de 1998, marcou duas vezes de cabeça. Na decisão da Liga dos Campeões de 2002, em Glasgow, contra o Bayer Leverkusen, recebeu passe de Roberto Carlos e acertou no ângulo um voleio espetacular de pé esquerdo.

No próximo dia 10 de janeiro, Zidane completará um ano como técnico do Real Madrid. Na nova função, ainda não é craque. Mesmo assim, é finalista do prêmio da Fifa para o melhor técnico de 2016, junto com Claudio Ranieri e Fernando Santos, à frente de José Mourinho, Carlo Ancelotti e Josep Guardiola.

Sua estreia como técnico do Real foi uma goleada por 5 x 0 sobre o Deportivo La Coruña. Desde 1959, quando Fleitas Solich iniciou sua curta passagem pela Espanha, nenhum técnico do Real Madrid tinha início tão marcante.

Naquele dia, Zidane e o Real estavam em segundo lugar no Campeonato Espanhol, quatro pontos abaixo do líder, Atlético. Dois meses depois, estava em terceiro lugar, doze pontos atrás do Barcelona.

O Real Madrid reagiu, terminou a liga como vice-campeão, um ponto atrás do Barça, e ganhou a Liga dos Campeões, nos pênaltis, graças a uma cobrança na trave do lateral do Atlético, Juanfran.

Em agosto, venceu o Sevilla e levantou a Supercopa da Europa. Foi na prorrogação e esta só existiu, porque Sergio Ramos empatou no último instante. Carvajal fez o gol da vitória no minuto 119.

O terceiro troféu de sua carreira de técnico, Zidane ganhou ontem, na prorrogação contra o Kashima Antlers. O tempo extra quase não aconteceu, porque o rival japonês perdeu dois gols incríveis nos últimos cinco minutos. A vitória também teve auxílio da arbitragem, que não expulsou Sergio Ramos quase no final da partida.

Nelson Rodrigues dizia que sem sorte não se chupa nem um Chicabon. Zidane pode chegar a ser um treinador genial, como foi no tempo de jogador. Vai ganhar experiência, aprender com as vitórias e os fracassos. Por enquanto, é justo dizer que o treinador francês é um homem de sorte. Especialmente por ter Cristiano Ronaldo para decidir partidas, como a de ontem.

NOVOS MENUDOS

O São Paulo não contratará muitos jogadores para a temporada de 2016. O goleiro Sidão é o segundo reforço. A confiança da direção é revelar um time com uma geração de jovens como David Neres, Lucas Fernandes e Luiz Araújo. Sonho antigo é ter um time feito em casa como os menudos dos anos 80.

DORIVAL

Dorival Júnior nega que tenha sido procurado pelo Corinthians. Está em Orlando e passou a sexta-feira sem o telefone celular. No início da noite, conseguiu falar e declarou-se surpreso pela notícia de que teria recusado trabalhar no Parque São Jorge. Mas ele será do Santos em 2017.


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