Folha de S. Paulo


Corinthians foi incapaz de montar elenco e dar sequência a trabalho

Robinho estava sozinho na cabeça de área do campo de ataque do Cruzeiro, sem a companhia de Cristian, o volante do Corinthians. Por causa disso, Uendel largou De Arrascaeta e deslocou-se para tentar evitar o passe. O meia uruguaio, livre, fez o gol de empate.

Não foi pelo gol de De Arrascaeta, nem pela atuação impecável de Robinho, autor de mais um passe para gol e que marcou o terceiro, a eliminação do Corinthians da próxima Copa Libertadores. A sucessão de erros do primeiro gol é a metáfora de uma temporada repleta de equívocos, desde janeiro.

Foram três técnicos diferentes no ano, sem contar Fábio Carille, que chegou a ser efetivado. Desde o rebaixamento, em 2007, o Corinthians não trocava tanto de comando. Verdade que a mudança foi forçada pela inevitável contratação de Tite pela seleção brasileira.

A diretoria também tratou como inevitável o desmanche de janeiro, quando sete campeões titulares de 2015 aceitaram convites para se transferir. Renato Augusto, Jádson, Ralf e Gil para a China, Vágner Love e Malcom para a França. As multas eram baixas e se não fossem não haveria chance de contratar, caso específico de Renato Augusto.

É possível entender o argumento, não a sequência do ano. Porque após o desmanche de janeiro, o Corinthians gastou R$ 60 milhões em reforços para montar um time.

Hoje, há conselheiros que indicam parcela de culpa de Tite, pelas contratações que não funcionaram. Faz sentido. A pressa para repor o desmanche ajuda a explicar a imperfeição das compras.

Mas as perdas seguiram acontecendo. Depois da eliminação da Libertadores, o zagueiro Felipe foi embora, mais tarde o volante Elias.

No último jogo do ano só restavam dois campeões brasileiros de 2015 entre os titulares: os laterais Fágner e Uendel.

O Corinthians fechou o primeiro turno em terceiro lugar, dois pontos atrás do líder Palmeiras. Chegou a ser o primeiro colocado na 17ª rodada, o mesmo tempo na liderança que o vice-campeão Santos e mais do que o terceiro colocado Flamengo. Desandou de vez no segundo turno, fruto da impaciência com Cristóvão Borges, de mais uma troca de treinador e da absoluta cegueira em relação às razões que levaram ao fracasso da temporada.

O Corinthians termina o ano sem nenhum troféu. E ficará fora da Copa Libertadores da América, assim como em 2014, porque foi incapaz de montar seu elenco e dar sequência ao trabalho dos técnicos.

É este o diagnóstico, mesmo que tenham contribuído para isso as saídas que a diretoria preferia evitar.

A lógica é dar sequência ao trabalho de Oswaldo de Oliveira, promessa já feita pelo presidente Roberto de Andrade. É o certo. Mas a ausência da Libertadores e a impaciência própria do futebol brasileiro farão o Corinthians já iniciar 2017 com uma dívida.

Muita gente olhará para Oswaldo como se fosse ele o responsável pela ausência de títulos e da Libertadores, sem analisar a sequência de equívocos.

A única boa notícia para o torcedores é que em janeiro de 2017 não virão clubes chineses buscar jogadores do elenco do Corinthians. Nenhum deles deixou impressão positiva suficiente para jogar em Pequim ou Shangai.

Na verdade, nenhum corintiano deixou a imagem de que tem futebol para jogar no ano que vem nem mesmo em Itaquera.

O CAMPEÃO

O Palmeiras termina o Brasileiro com 80 pontos. Na história dos pontos corridos, com 20 clubes, só um time finalizou com a taça e mais pontos. Só o Corinthians de Tite, em 2015. É a segunda melhor campanha da história, melhor ataque e defesa.

O INTER

O Internacional também procurou a Série B, como o Corinthians fez tudo para ficar fora da Libertadores. Ano passado, o Vasco rebaixado tinha a maior média de idade do Brasileirão. Neste ano, o Inter tem a média mais baixa entre os 20 clubes.


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