Folha de S. Paulo


Ai, Jesus: revelação do Brasil chega ao final da temporada criticado

Cesar Greco /Fotoarena/Folhapress
O jogador Gabriel Jesus, da SE Palmeiras, durante treinamento, na Academia de Futebol, neste sábado (05)
O atacante Gabriel Jesus durante treinamento na Academia de futebol do Palmeiras

Gabriel Jesus fará hoje seu jogo número 56 na temporada. São 43 pelo Palmeiras e 13 pelas seleções brasileiras. Com a atuação contra o Internacional, Gabriel superará a soma de partidas de Lionel Messi pelo Barcelona e pela seleção argentina na temporada passada.

O Palmeiras completará contra o Inter 61 compromissos oficiais em 2016 –houve mais dois amistosos. O novo clube de Gabriel Jesus, o Manchester City, foi o clube com mais jogou na Europa em 2015/16. Atuou 59 vezes.

A seca de gols de Gabriel Jesus é de sete jogos e a sequência de críticas às atuações do líder do Brasileirão estende-se desde 13 de outubro, data do empate contra o Cruzeiro.

É impossível dizer que o bom futebol do primeiro turno, tanto de Gabriel Jesus quanto do Palmeiras, diminuiu por causa do acúmulo de partidas. Mas pode ser um dos fatores.

Ao mesmo tempo em que se critica o excesso do calendário, esquece-se desse fator quando a qualidade cai. Nesta semana, foram anunciadas fórmulas de disputa dos campeonatos estaduais de São Paulo e do Rio. A diminuição do número de clubes não foi acompanhada pela queda do número de rodadas.

Os campeões dos dois estaduais terão de entrar em campo 19 vezes. Se ganhar também a Libertadores e iniciar a campanha na primeira eliminatória, entrará em campo mais 18 vezes. Mais oito da Copa do Brasil e 38 do Brasileirão.

Serão 83 partidas. Se for o Flamengo, ainda poderá vestir a camisa mais cinco vezes na Primeira Liga.

"Nenhum jogador disputa todos os jogos", responde um presidente de federação.

Mesmo assim. A maior revelação do futebol brasileiro depois de Neymar chega perto do final da temporada criticado, há sete jogos sem marcar, e sem ninguém cogitar o cansaço como um dos fatores.

Lembre-se de que Gabriel Jesus disputou o clássico contra o São Paulo um dia após enfrentar a Colômbia, em Manaus, e pegou o Cruzeiro, em Araraquara, dois dias após atuar em Mérida contra a Venezuela.

E já jogou uma partida a mais do que Messi, quatro a mais do que Navas, recordista de apresentações pelo Manchester City em 2015/16.

Fágner já entrou em 54 partidas pelo Corinthians este ano, Thiago Mendes entrou em campo 59 vezes pelo São Paulo, Vanderlei jogará pela 61ª vez pelo Santos, William Arão disputou ontem seu 59º jogo do ano.

Todos jogaram mais do que Cristiano Ronaldo. O português atuou ainda mais do que Messi e Navas, porque uniu 48 apresentações com a camisa do Real Madrid a 9 por Portugal. Não foi acaso passar três meses machucado.

Nem é coincidência o Brasileirão mais empolgante dos últimos anos terminar sem imunidade às críticas.

Houve jogos emocionantes no fim da temporada, como o empate no clássico Flamengo x Corinthians. Sempre alguém vai dizer que faltou algo do ponto de vista técnico. Nunca vai se lembrar que também falta no aspecto físico.

O Palmeiras joga hoje contra o Inter e necessita de uma vitória para não ser ameaçado. O outro risco é nosso, dos analistas: esquecer que quem praticou o melhor futebol do campeonato foi o Palmeiras, nas primeiras quinze rodadas. O mesmo período em que Pep Guardiola abriu vantagem para ganhar todos os seus títulos nacionais.


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